Thursday, December 31, 2009

Dicas para 2010...

Gosto do ritual antes de sair de casa. Gosto de capuccino à janela. Gosto de velcro. Gosto de cetim. Gosto de veludo. Gosto de tapetes. Gosto de lírios. Gosto que inventem nomes para me chamar à volta do meu. Gosto do pequeno almoço na cama. Gosto de fazer caras ao espelho quando me arranjo. Gosto de dançar ao espelho. Gosto de cantar no carro. Gosto de cantar acompanhada no carro. Gosto de pôr batom no elevador. Gosto de me pentear no elevador. Gosto de apanhar o autocarro. Gosto do som dos sapatos no mármore. Gosto de noites quentes. Gosto de ouvir a chuva dentro do carro. Gosto de vinho tinto no carro. Gosto de amor no capô do carro. Gosto de parar o carro sem sentido. Gosto de trocar de lugar. Gosto de jantares com poucos amigos. Gosto de encontrar amigos na rua. Gosto de dançar de olhos fechados e fazer boquinhas. Gosto de beijos no canto da boca. Gosto de conduzir o teu carro. Gosto de adormecer com o pé no chão. Gosto de adormecer no chão. Gosto de adormecer no sofá em frente à lareira. Gosto que não me deixes adormecer. Gosto de lingerie. Gosto de quadros antigos. Gosto de livros da biblioteca. Gosto de leite condensado. Gosto de andar de avião. Gosto de suspirar. Gosto de açúcar. Gosto de pacotes de açúcar. Gosto de café com adoçante. Gosto de estar sozinha em casa. Gosto de dar jantares em casa. Gosto de cozinhar. Gosto de karaokes. Gosto de bilhetes comprados à última. Gosto de pestanas. Gosto de nadar nua. Gosto de branco. Gosto de ler na diagonal. Gosto de ler alto. Gosto de ler na cama. Gosto de ler poesia. Gosto de escrever em prosa. Gosto de frases curtas. Gosto de textos longos. Gosto de torradas. Gosto de bife com batatas fritas. Gosto de arroz. Gosto de conversas sobre senhores. Gosto de olhar nos olhos. Gosto dos meus olhos. Gosto de fixar os lábios. Gosto do cheiro dos carros novos. Gosto do cheiro de óleo johnson. Gosto de sapatos de bebé. Gosto de sapatos. Gosto de dormir encostada. Gosto que me quebrem tabus. Gosto de pudiquices inventadas. Gosto do momento que antecede o beijo. Gosto de beijar devagar. Gosto de ténis prateados. Gosto de me sentir dominada. Gosto de palavrar. Gosto de palavras. Gosto de barba de dois dias. Gosto de ir à praia sozinha. Gosto de massagens. Gosto que me segredem coisas ao ouvido. Gosto de abraços. Gosto de ir ao futebol. Gosto de rasgar papeis. Gosto de arrumar. Gosto de lavar as mãos. Gosto de festinhas. Gosto de festas. Gosto de flirtar. Gosto que me levem às cavalitas. Gosto de verbos. Gosto de imitar vozes. Gosto de jogar mímica. Gosto de jogos bêbedos pela madrugada. Gosto da praia no Inverno. Gosto de pés. Gosto de ondas. Gosto do sol. Gosto do amanhecer. Gosto do pôr do sol. Gosto de fotografias. Gosto de ser e acontecer e não me esgotar em gostos. Gosto.

E fui buscar inspiração ao teu armário...

2010...

... depois de tantos desejos que normalmente partilho... só quero que 2010 resolva os meus desejos mais profundos e me surpreenda com resolução de desejos que eu não sabia que tinha (e outros que eu não tenha mesmo...). Quero que 2010 me dê o que eu gosto. Simples e completo.

Até já

Aprendi em 2009 que quero para 2010

Though still in bed, my thoughts go out to you, my Immortal Beloved,
now and then joyfully, then sadly, waiting to learn whether or not fate will hear us

- I can live only wholly with you or not at all -

Yes, I am resolved to wander so long away from you until I can fly to your arms
and say that I am really at home with you, and can send my soul enwrapped in you
into the land of spirits

- Yes, unhappily it must be so -

You will be the more contained since you know my fidelity to you.
No one else can ever possess my heart - never - never - Oh God,
why must one be parted from one whom one so loves.
And yet my life in V is now a wretched life

- Your love makes me at once the happiest and the unhappiest of men -

At my age I need a steady, quiet life - can that be so in our connection?
My angel, I have just been told that the mailcoach goes every day - therefore
I must close at once so that you may receive the letter at once

- Be calm, only by a calm consideration of our existence can we achieve our purpose to live together
- Be calm
- love me
- today
- yesterday
- what tearful longings for you - you - you - my life - my all - farewell.
Oh continue to love me - never misjudge the most faithful heart of your beloved.
ever thine
ever mine
ever ours

2009...

... foi o ano da descoberta: minha, dos outros, do ambiente que me rodeia (e daquele que eu não quero que me rodeie...). Foi um ano de mudança, transformação, compreensão e de fechar portas, até então entreabertas, até então com uma maçaneta intocada. Revolucionou-me; criou na terra o respirar conhecedor de quem assenta e de quem está pronto agora para seguir caminho, para conduzir os devaneios com a sabedoria de um sereno sonhador.
No final de 2008 alguém de disse "2009 somos nós em grande". E posso, ao longe, ouvi-la agora sentir I told you so.
Para quem contribuiu para as aventuras e desventuras, para as surpresas e para os desejos realizados, para os sucos novos e os antigos, para a amizade, para a vida, para os devaneios e os lugares-comuns... aquele obrigada regado a abraços e encantos profundos.

Monday, December 28, 2009

Conversas de botequim

"Para o próximo ano quero paz. E quero um amor. Um amor sério; tranquilo. E quero que me envolva, que me sugue, que me encoste à parede e me tire o ar, que busque a minha alma nos meus olhos, que conheça melhor que eu os meus olhos, de perto, de um perto que eu não possa alcançar, que rasgue os meus pruridos, que engula os meus pruridos!, que leia a minha cintura, que rebolemos na cama, que tenhamos sempre porque discutir, como discutir, como fazer as pazes, como lutar com almofadas..."
[pausa]
"Isso não me parece nada tranquilo..."

Thursday, December 24, 2009

Monday, December 21, 2009

Dias

Queria baixar as defesas... mas não consigo.

"Não me sinto, não estou apaixonada por ti..."

Wednesday, December 16, 2009

Amor próprio

Descobri, no meio da rua, naquele saco, o meu amor próprio. E já estava amachucado. Engoli o sopro profundo numa suavidade natural, pesquei o sentimento e tive gritos a atirar ao ar. Descobri nele que o bom da vida é viver, mais nada! Seja com um tabuleiro, dois ou vários, o importante é que queiras o que queres, que te estrutures para querer, e te embrulhes de ti próprio, do teu cheiro, dos teus amores e dos outros, que te descasques das pudiquices de uma vida-não-vida, sociedades a que somos alheios, a que deveríamos ser alheios. Que nos engolamos a nós. Que, a partir daí, possas sugar-me a mim.
Deixa de usar barómetros. Vamos atirar a cabeça para trás. Não dês definições ao pensar no descobrir no que atrai. O que atrai é o dever do corpo, o respirar insano, o querer, querer tudo, o mais, sem o medo do viver amanhã. É hoje querer uma cocega e amanhã um olhar profundo, é hoje amar a ponta do cabelo espigado e amanhã querer puxar pela cintura. Não me arrastes, eu não te arrastarei. Cada um seu espelho, seu amor, sua linha. Não me completes, preenche-me.
E deixa as palavras à porta. Quem precisa, aqui, de falar? Há palavras que não existem, há terminações que não são e por alguma razão ainda não inventaram som para as reticências. Não tenhas receio de sermos três pontos.
Mas se tiveres, se não mergulhares no lençol branco em que nos deitamos, deixa-me sozinha. Não sei dar-me em partes. Pensa longe, que eu longe vou esperar. Ou não. Não somos absolutos mas o nosso corpo é pleno e aquele que se desmantela terá de apanhar os cacos, em algum momento, sozinho, depois. Tenho dúvidas, tenho receios, mas tenho um trilho. Se não tens um trilho senta-te e espera: encontramo-nos mais à frente. Mas, nessa altura, se houver essa altura, corre. A muitos trilhos ocorrerá juntar-se a nós.
Somos nós. Humanos. Não há garantias.

Monday, December 14, 2009

Manhã

Perguntei à manhã pelo desalento de um povo. Rocei-me-lhe um sorriso ténue para onde o sol franziu o sobrolho. Como desconhecendo o universo das figuras (ou peões), o meu lábio de cima rasgou o dia pelo gélido sonhar de um tempo sem tempo.

Perguntei por mim à manhã e ela menos tal desconhecia.
Perguntou-me por mim, e num esconderijo de infantes pedi-lhe: "preciso que me encontres primeiro".

Suguei para ti a manhã, com ultraje e reprovação, e não foi o meu riso profundo que confirmou o calor, o teu braço suspeito finalizou o sugar, enroscou a minha cintura e levou-me a banhos por aí.

Thursday, December 03, 2009

Doce memória

"Piano buttons, stitched on morning lights.
Jazz wakes with the day,
As I awaken with jazz, love lit the night.
Eyes appear and disappear,
To lead me once more, to a green moon.
Streets paved with opal sadness,
Lead me counterclockwise, to pockets of joy,
And jazz..."

Monday, November 30, 2009

Uma princesa em crescimento

Cresci. Um ano? Quero ser sempre mais madura - e continuar refrescante - tenho a estúpida sensação de querer mais, "mais" uma coisa qualquer, mais um mais, na vida e no sonho, conjugação de idiotas. Os verdadeiros. Como eu. Ando constantemente em linha curva, conheço o caminho mas desvio-me sempre que posso, espalhar uma semente em novos rumos e aventurar-me por tantos outros espaços a plantar. Está na hora de decidir. Dá-me por favor o conceito de linha recta.

Friday, November 27, 2009

Wednesday, November 25, 2009

És uma pessoa feliz? Disse...

Dificilmente te poderia responder em palavras, terias de acompanhar os meus dias, a passo, e reter-te na minha retina. No entanto, posso adiantar-te (fazemos isto em contrato?) que tendo a ser feliz. É deste sangue que me corre nas veias que desata gargalhadas no trânsito e enrola um dia mau no mimo de um amigo que tem sempre um sorriso por lançar. Os dias maus compõem a arte - tenho sempre alguém a lembrar - e o ser de hoje compõe a pauta do de amanhã.
Sei que não te responderei nunca, mas vale pelo sorriso que me pregaste ao perguntar. Sabes bem!

Tuesday, November 17, 2009

Tudo o que vier...

Tentarei escrever tudo o que chegar... como se não houvesse filtros entre mim e este leitor que não se identifica como leitor mas que aqui se reconduz enquanto tal. O "meu" leitor, pode ser... Deixo-me embalar, mas, repara, não me embalo verdadeiramente, apenas deixo o som percorrer-me, talvez, para fazer a crítica dos sons, como se eu fosse assaz na arte, ou nas palavras que possam descrever um som que nos enrola ou nos repugna ou passa sem passar. Sem sustos: nem repugna nem passa só por passar. So far so good, parece que não te habituei nem a ser tão parca nem a ser tão tímida. O meu mundo pode disparar que eu sorriria agora, porque me sinto consumida. Podia jurar que se estivesses aqui guerrearíamos com almofadas enquanto saltávamos ao som que enviaste. Não estás. Mas será que consegues captar esse sentimento?! É como uma pequena felicidade infantil: saltar num colchão e destruir almofadas. Entendes(-me)?
Imagino-vos repetidamente a entre olharem-se nas gravações e sinto-me uma pequena expectadora ao canto, a apreciar a magia da criação. Não estou a bajular nenhum encanto transmitido (acho que adquiriste já aquele conhecimento da minha pessoa que te permite compreender que nasci sem esse poder), estou apenas a deixar escapar por uma ruela qualquer a critica que não sou pela pessoa que se revela só depois das onze da noite. E acho piada à forma como te colocas em frente do microfone. Só porque sim. Como as almofadas e o som: só porque sim.
Right to outer space!

Friday, November 13, 2009

Vem.

Rasga as minhas intemperies. Para que as queremos, estão a bloquear o meu caminho. Rasga o meu caminho, refaz a minha estrada. Entranha-te. Entranha-me... Simplesmente deixa correr o suco deste ardor violento, apaixona-me. POR FAVOR, apaixona-me. Deixa-te desses balanços sem alma, quem os quer? Para que os quer? Viola essas regras a que te impuseste e vejamos o sol de uma varanda, porque sim e porque não, enquanto rebolamos num canto qualquer. Repara: num canto qualquer. Qualquer que seja nosso, qualquer onde possamos voltar.

Tuesday, November 10, 2009

Aniversários

É engraçado o quão formatados estamos. Reparem, não é um insulto, é uma realidade que constato a sorrir. Facilmente me empenho em dar os "parabéns" a alguém quando faz anos, obviamente é uma convicção social que abraçamos com carinho. Às vezes apeteceria dar parabéns por outras datas, mas não as correntes. Imaginem um mundo em que digo "parabéns, faz hoje 2 anos que me fizeste chorar a rir a noite toda", "parabéns, faz hoje um mês que me deste o abraço mais envolvente da minha vida", ou "parabéns, faz hoje 20 anos que deixaste de enrolar o cabelo com a ponta dos dedos". Sim, reconheço a impraticalidade e o ridículo, no entanto era refrescante... às vezes, gostava de entrar na loucura de um livro do Saramago.
p.s. Parabéns Rua Sésamo!

Friday, November 06, 2009

Bons dias.

Hoje nem está sol. Não há vento que me arraste nem nada que me abafe a alma. Tranquilidade, diria. Estranhamente tranquilo. Não há nada que me desagrade nesta tranquilidade, um segundo intenso pode mudar tudo ou não e we can dance the funky chicken quando nos apetecer, se efectivamente nos apetecer mudar o curso deste, não mais que, "silêncio". É nestes dias calmos e simples que não há limites, temos sempre a sensação de que não somos arrebatados pelo presente, no entanto é mais um dia que nos faculta a consciência de que ele existe e que nem o passado nem o futuro têm o poder de ser mais importantes.

Hoje é hoje. Para onde nos leva?

Monday, November 02, 2009

Visões

Hoje tive um pesadelo. Daqueles que nos testam e nos fazem acordar a suar... facilmente compreendi que não passava de um sonho, no entanto, naquilo que me era mais profundo, também compreendi que tantas e tantas vezes temos dificuldade em, enquanto estamos acordados, perceber o que é efectivamente real e o que não passa de pequenos sonhos irreais. No fundo, temos tendência a alojar em nós uma certa vontade de que tudo seja real e verdadeiro. Não é. Há que aprender: a ti também te mentem, a ti também te enganam, nem todos os sorrisos são sinceros, nem todos os toques têm a força de inspirar-te um dia feliz. E daqui podem advir duas conclusões: ou a desilusão ou a compreensão do mundo. E o que seria de nós sem ambas.

Saturday, October 24, 2009

Inesperado

Entrei naquele espaço. Tentei compreender as gargalhadas agarradas às paredes e o mundo entre elas. Encontrei imagens de uma realidade desconhecida e perguntei de quem era aquele ar. Visitei os armários e os lençóis, precipitei-me nas gavetas, encontrei um recôndito ponto escuro de uma sobrevivência aventureira de ser o que fazer. Estiveste sempre atrás de mim, não limitaste a minha busca, muitas vezes orientaste a minha mão. Talvez tenhas mesmo indiciado o meu tacto e lhe tenhas indicado o (meu) caminho. Não foi por acaso, prendias na luz do candeeiro um olhar novo e também querias saber onde eu ia e onde eu permaneceria, se não me pedisses para ficar. Olhaste-me carinhosamente e sorriste como uma criança, uma delícia de framboesa na forma como a tua mão absorvia o meu rosto ao passar.

Todos nós, todos, nos assustamos com a profundidade. Todos ficamos confusos e baralhados com o not suppose to be, no entanto, entre fugir e lutar, porque é que preferes fugir?

Friday, October 23, 2009

Foi hoje!

Não é todos os dias... acordar e conseguir entender o aconchego... abrir um sorriso como se abre uma persiana. Sentir o frio na espinha e ser inundada pela água quente do banho... Não é todos os dias que já acordamos felizes.

Thursday, October 15, 2009

Tenho(-te) tempo.

Queria pedir desculpa. Pedir desculpa ao tempo, vivo a vida a desdobrá-lo, a apoderar-me de todos os segundos para os fazer meus. Em cinco minutos consigo rodar o universo. Eu se fosse o tempo sentia-me desafiado, enroscado, encostado à parede. Eu imponho-me, tempo. Façamos esse braço de ferro. Quero-te para escrever furiosamente um parecer, para abraçar um amigo, relaxar numa massagem, comprar uma carteira ou dar uma risada numa esplanada à beira rio. Espero, sempre (e para sempre) conseguir desafiar-te. Nada me dá mais prazer. E quando o cansaço vier, fala tu com ele, diz-lhe que espere à porta.

Friday, October 09, 2009

...

Este fim de semana vou viver. Beber com os meus amigos, envolver tudo num sorriso e num abraço, encontrar uma festa de sabores, ler uma obra prima e deleitar-me com os meus lençóis. Este fim de semana vou viver.

Thursday, October 08, 2009

Tu.

Encontrei-te na rua. Não sei. [Foi quando mesmo?!] Diz-me a data em que te surripiaste. Eu disse-lhe que talvez quisesse chorar o que não te disse que por definição deveria ter sido dito mas que entendi através do silêncio.
Não sei.
Desconheço.
-te.
Encontrei-te na rua. Vi quando te sentaste. Gritavas amarguras por ver apenas a vida passar. Nunca a tentaste parar. "Mas que dúvida é essa de que poderia fazer qualquer outra coisa que não parar, por mim", porque eras tu e por ti pára [ou não pára?!].
Deixa-me, pela primeira vez, ensinar-te um pedaço de ser:
Não há, não haverá, milagres isolados. Acredito que eles acontecem quando agarramos a corda do tempo e os puxamos até nós. Acredito no amor, assim como acredito que as árvores crescem. Acredito na aventura de um ser constantemente em crescimento, assim como acredito que, na estação apropriada, todos os campos se cobrem de flores. Acredito na espera e na batalha, nos gritos e na confusão, na paz e na luta, acredito no tempo. No cada-coisa-a-seu-tempo. Mas acredito, mais, que somos nós que definimos o tempo. Ninguém vai lutar por ti, chorar por ti, morrer por dentro por ti, desistir por ti, virar uma página por ti. Tu és tu. O teu corpo, o teu sexto sentido e o teu sorriso quando partes e olhas para trás. Tu serás tu, sempre, por mais folhas que caiam, por mais que caias, por mais que te levantes. Tudo o resto é sonho. A diferença é a realidade que lhe atares. Atas? Já?

Tuesday, October 06, 2009

Mentiras perdoáveis

Invariavelmente, puxo-te para mim. Talvez o possa chamar de descontrolo: apetece-me arrastar-te, envolver-te, cheirar os teus cabelos, rebolar na tua pele, (in)compreender contornos que desaparecem... Somos estúpidos, nós, aqueles. Encaramo-nos como privilégios de uns privilegiados que não são privilegiados, mas que privilegiamos sem que mereçam. Entregamo-nos. E porque é errado soltamos mentiras à rua, vomitamo-las pela janela mas no fundo, no fundo, não há nada que queiramos mais que o errado. E sabe tão bem!

Monday, September 28, 2009

Vital

Há dias em que captamos a realidade, em que a colocamos no ponto de saturação em que podemos dissecá-la e completá-la e entendê-la. Não nos colocamos em nenhum ponto de onde devamos seguir um caminho ou outro ou onde devamos sequer seguir uma coisa qualquer. Auto-colocamo-nos, somente, na compreensão de nós próprios. Bem, o que importa, verdadeiramente, é que o mundo nos pareça aquele lugar onde pertencemos, de onde corremos ao futuro, de onde as expectativas se completam. E, como te disse, decidi que o que é vital é que consiga sempre perceber onde estão as coisas importantes e defendê-las acima de tudo. Defender com trabalho o meu trabalho, defender com amizade as minhas amizades, defender com vida a minha vida. Tudo o resto é a paisagem do dia, pela qual lutamos com mais ou menos força, com mais ou menos convicção, na sabedoria efectiva de que há meios, tantos meios, para perseguirmos o que nos torna nós, quem nos torna nós, quem nos mantém. Se todos compreendessem isso, a atmosfera poderia, por um dia, who knows, cheirar a paz.

Wednesday, September 23, 2009

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'
Martha Medeiros - Jornalista e escritora
[Obrigada J., acho que tocaste no ponto...]

Monday, September 21, 2009

Vida

Quero beber um café contigo. Sentar-me no canto, afagar o jornal. Quero beber um café contigo. E contigo, e contigo e contigo. Quero sugar o sabor a vida e a mar. Descobrir a verdadeira essência de ser descoberto. Avassalar os lábios e empenhar gargalhadas. Brinca com o meu estômago, alimenta as borboletas. O mundo está aí, eu estou aí. E tu, onde estás?

Thursday, September 17, 2009

Dissabor

Não sei. Quem és tu para me obrigar a saber, a ser, a querer ou todo outro verbo que implique uma acção. Quem és tu, no fundo, tantas e tantas vezes te perguntam e o teu preguiçoso eu pergunta ao tu se foste ou vens para ser, devagarinho e sem que ninguém descubra, de há um tempo para cá ou de todo o tempo para cá - uma formiga pequena que engana bem. Não me obrigues a amar-te ou a não querer-te, eu é que decido, ou não decido, decide ele ou "ele", que eu não sei de nada, não!: eu sei, sei que TU não sabes de nada. Não é raiva, quero (eu decido que quero!) encontrar-me contigo naquela esquina e sorrir um café, até ao dia do depois em que tu me encharcas de verbos e eu tenho de nadar para fora desse riacho, um riacho!, que tu criaste. Que dissabor, eu disse, quando o doce amargo canto me encaixou naquele canto.
É. E depois, em momentos, pode mudar. Às vezes, e, principalmente, quando tu não decides o que eu quero, eu só queria que tu me dissesses qual é o meu trilho e eu seguiria por aí. Nem penses. Pensar custa.

Friday, September 11, 2009

O primeiro dia do resto da tua vida.

Parei aqui. Só porque sim, porque havia tempo. E tempo, mesmo em desperdício, embala a sôfrega vontade de ver mais. Mesmo que te digam "não há mais" - pena. O que quer que seja: papel, paixão, carinho, vontade, tesão, uma casa ou uma sopa quente. Todo o doce - não haver mais dá pena. Sento-me numa sala que não é minha, cheia de palavras coladas às paredes, uma estória de uma história que ninguém me contou mas eu reinvento, com mais cavaleiros e aventura, talvez. Ser neste espaço tem o que se lhe diga. Vejo-te ali, encostado a uma parede, naquela posição, eu na outra, o outro na outra, todos equilibrados em pé, de braços cruzados, encaixotados neste mundo de trabalho que abraçámos sem força. Porque a tarefa, essa sim, abraçámo-la com tanta força... agora este mundo, este mundo e este espaço, quando pensado, é só uma luz ténue do que criámos, imaginando, para nós, para aquilo que é a nossa idílica mensagem de não-rotina. E chego à conclusão, porque tive tempo, que acabei de chegar a este mundo. E bem vinda. Bem vinda ao mundo real.

Tuesday, September 08, 2009

O homem que eu amo

O homem que eu amo
veio de tanto eu pedir
mas quando parei de esperá-lo
veio quando eu ao depená-lo
do meu sonho receio,
permiti que em vez de início ou fim
ele no meio de mim
fosse só o meio.
Não meio no sentido tático
de jeito ou de modo.
Meio no sentido de durante
de enquanto
de presente.
Quando abandonei o título futuro
definitivo da eternidade
o rótulo azarento de garantia
no departamento de intimidade,
quando abandonei o desejo
de ressarcir aquilo que perdi na antiguidade,
meu homem chegou cheio de saudade
ocupando inteiro
seu lugar de meio
sua inteira metade.

- Elisa Lucinda -

Thursday, September 03, 2009

Porque apetece dizer.

Ensinaste-me muito do que eu sei. Ensinaste-me o caminho da felicidade e da força, do encanto de existir nas mais pequenas coisas, porque hoje é hoje ou porque sim. Ensinaste-me a proporção dos 360/5. Ensinaste-me a rir, a valorizar e a desvalorizar, a entender o espaço. Ensinaste-me a ser-ser, a beber uma cápsula qualquer, a dormir no sofá à tarde, a olhar-me ao espelho quando eu mal conseguia. Ensinaste-me que as pessoas podem aceitar coisas erradas de uma forma serena, sem comprometerem os seus princípios. Ensinaste-me que podemos perdoar que não nos torna mais fracos. Ensinaste-me o que significa uma braseira e o que significa uma lágrima fácil. Ensinaste-me que as melhores pessoas não conseguem mentir às "suas" melhores pessoas. Ensinaste-me que fui dotada daquela sorte. Ensinaste-me que posso ser uma "mulher maravilhosa" mesmo quando estou sozinha porque nunca estou sozinha. Ensinaste-me a ser adepta dos dias maus. Ensinaste-me a não querer ver o futuro.

E quando me olho agora, por completo, e compreendo o alcance do que, dia a dia, conseguiste efectivamente transformar, só tenho vontade de um abraço e de um gelado de café naquela tigela. Obrigada.
[Espero ter conseguido, pelo menos, que interiorizasses a metáfora da Heidi!]

Wednesday, September 02, 2009

Dias.

Há dias em que basta um toque, um insorriso, para o teu baralho se desmoronar. E só temos força para o montar de novo no dia seguinte. E hoje foi assim.
[Senti-me errada. Não quero assim.]

Sunday, August 30, 2009

"Quem és tu miúda?" II

Aqui.

"Quem és tu miúda?"

É bom. Melhor, é óptimo. Óptimo reconhecermo-nos nos outros, naqueles com quem nos partilhamos. É óptimo saber quem sou eu. Melhor só abrir a boca durante muito tempo com aquelas novidades, porque "só a mim é que não me contam". Mantenho que era melhor ter havido o resto e não haver beijos. É bom ficar parecida, momentaneamente, com aqueles três, "estás a baralhar-me um bocadinho...". É linda a praia pela manhã, é bom ser white sensation e são bons os gelados da Mabi. É óptimo o sorriso da conguita no ferry verde com o óculo vermelho. Por mais que as pernas se encolham no banco de trás, é boa a piscina de ondas e o "estou a brincar" da Crime Scene Investigation. Mesmo quando está calor, mesmo quando está frio, mesmo quando gargalhamos com o casal do meio dia. Porque aquilo é a lua, aquilo é um tractor e vamos ganhar carteiras vermelhas ("se soubesse que gostavas disto já te tinha dado há mais tempo!") naquele sítio onde "circula" o ...bem (nome que, inevitavelmente, não ias conseguir dizer), aquele que ajuda quando há quem esteja a ocupar espaço. Mais, lá ficámos, no "praia, beach, plage", até ouvirmos aquela música, "só para ti". E porque há coisas que saem de cima, pesos, tão fortes como um abraço sincero e uma doçura incondicional. É por isto, por isto tudo, que vale a pena viver, é por isto que todos deveríamos querer viver: um momento feliz, as conversas certas e uma amizade para sempre. E assim, agora, para vocês, "tudo".
"Quem és tu miúda? Nesse sobressalto, nesse salto alto! Quem és tu miúda? Que me atormentas, em câmara lenta! Quem és tu miúúúúda? Miúda quem és tu?"

Monday, August 24, 2009

"Sobre a pele que há em mim tu não sabes nada"

Escrevo porque sei que não me lês. Não é teu apanágio, tua bandeira, teu "ser-assim". Não me limito à descrição subliminar do nós, seria equivocar-nos num lapso temporal e será sempre mais do que isso. Tenho receio desta admiração e deste momento, do teu corpo ou da tua pele, do sorriso que partilhaste e do que preferimos guardar para nós, o que não demos a partilhar. Para depois?! No meio dessa partilha deixei-me atingir pela não reflexão que professas e envolvi-me num toque carinhoso pela manhã. Não pode, agora, ser pior. Não te permito ser pior, proíbo-te de ser pior, quero gritar-te que não vai ser pior. Quero que me abraces, que nos sopros do vinho tinto que nos falta beber encontres o contorno dos meus lábios e queiras saber mais, queiras o que ainda não sabes. Não é, pode não ser, uma história de amor, mas é um perfume que envolve as noite quentes. E eu quero. Quero destilar o tempo e fazer-te conheceres o meu umbigo. Não quero mais este sentimento de que nada saibas sobre a pele que há em mim.

Wednesday, August 19, 2009

Sábia

Não gosto de pensar no passado, distrai-me do agora!

Tuesday, August 18, 2009

Meditar

Gosto de pensar. Normalmente gosto de parar e reflectir. Gosto, simplesmente, de um bom pensamento, onde os ses se repetem e me repartem pela cidade. Mas, por vezes, e mesmo com este bichinho constante, sem opção e sem aviso, há algo, alguém, algum momento que me ofusca, logo, nele, só nele, não consigo pensar. E gostava que mais vezes fosse assim, que mais eu andasse, mais houvesse caminho impensado à minha frente.

Thursday, August 06, 2009

Tranquilidade

Cheira a Verão e eu cheiro a escritório. As minhas mãos têm o suave aroma da torrada comida à pressa e dos kellogg's que engulo para maltratar o estômago, constantemente, a qualquer hora do dia. Chego a casa e sinto o ardor do silêncio. Invariavelmente ouço-o ladrar, ansiava por mim com o mood dos momentos coloridos de Inverno. E como é estranha esta inversão. O meu Inverno em sobressalto abre portas ao meu Verão tranquilo. E podemos passar pouco tempo no trânsito, escancarar as ruas de Lisboa, sobrevoar o sabor a paz que seremos sempre, sempre, um belo peão esquecido pela cidade.

Monday, August 03, 2009

Os T0's desta vida.

Porque não há maiores, porque não há melhor pôr do sol, porque não há melhor amanhecer, porque não há issues, porque há olhares carinhosos, porque há "ela é uma óptima pessoa", porque há shius, porque há xixa, porque há calor, porque há sorrisos, porque há gargalhadas, porque há nuncas e jás, porque há nós...

... é perfeito.

Thursday, July 30, 2009

Aqui.


É neste T0 que eu vou estar depois de amanhã... E a semana que não passa...

Monday, July 27, 2009

Porque me abriste a porta e pelo resto que importa...

Parabéns, é para ti!

Wednesday, July 22, 2009

S.

A vida é feita de pneus e alcatrão. Que estranha sensação de que nunca foi tão verdade. A vida é feita da estrada e de nós, envoltos, enrolados, cheios (ou não) de papel de lustro e cor, rodeados de uma flor de lótus desgraçada, um azul tipicamente louco de verdades e mentiras e saberes e não saberes e prazeres e toques e "não me toques!". A vida... [gargalhada] [suspiro]

Tuesday, July 21, 2009

Táxi

Sento-me e observo. Poucas vezes olhamos tudo o que nos rodeia com olhos de ver, descobri edifícios naquela avenida onde "passei a minha vida" num só passeio. Parece estranho mas raramente vemos. O olhar sobre o vidro pode parecer um desvio do retrovisor ou apenas um rasgo de clarividência, uma margem para duvidar do que conhecemos, que afinal não conhecemos apenas porque sempre achámos que conheciamos. Não conheço as ruas onde passo e não me questionem a cor dos prédios. Normalmente estou a ver-me mais a mim, análises sem força, análises diárias, análises... Mas dediquei-me a ver o tempo passar entre as colunas de automobilistas, a vê-lo rajar-me nos prédios e percorrer a cidade com uma pressa de quem pára. Inevitável a sensação de bolha, de um preenchimento estranho e sem sentido. Um preenchimento desprovido da minha comum sensação de corropio de ideias.
"5 euros e trinta e cinco".
E a porta aberta é o mundo real. Pé de fora...

Thursday, July 09, 2009

Silêncio

Por vezes, em momentos mais ou menos conscientes, tenho vontade que os sons se apaguem e que o seu regresso seja progressivo e selectivo. Gosto do piar dos pássaros.

Monday, June 29, 2009

Segundos

Não gosto do dia de hoje. Porque quando cheguei acendi a luz, porque a folhas que vejo da minha janela acenam naquele lento caminhar de uma manhã de Inverno. Não deveria queixar-me da adequação subtil ao meu estado de espírito, afinal a Natureza parece compadecer-se da minha dor (e não apenas na do joelho e dos braços). Realmente, num segundo, por um segundo, em que vemos a nossa vida rodar (literalmente) e nos apercebemos que somos frágeis, que somos pequenos pensantes, vulneráveis. Muitos assuntos vieram à minha mente num segundo, imagens, sonhos, dias, pessoas... e quando parei do outro lado da berma não chorei, apenas respirei fundo e tentei acreditar que tudo estava bem. Ou iria estar. Depois.

Thursday, June 25, 2009

FYI

O homem mais giro e com mais piada do mundo faz hoje anos.

Oito.

:)

Wednesday, June 24, 2009

A ver

E é todo um mundo novo, e é toda uma nova experiência... e é muito trabalho =) quando puder estarei de novo em partilha bloguista! Até lá!

Tuesday, June 09, 2009

Vitória

E uma brisa sobrevoou-me o peito. Um inspirar profundo do meu olhar terreno e pouco alheado. Os pensamentos de outrora transformam-se agora em matéria e a mão inimiga da astúcia de viver num principesco e surreal sonho, puxou-me o pé no princípio do voo. Entrei numa chuva de soluços. Quase desisti.
Num fôlego o ardor da mudança tomou-me de assalto, criou a resistência ao choque e eu atirei-me contra a parede. E a queda foi menos dura do que aparentava, a dor foi menos corrosiva do que a expectativa. E a mudança chegou. E a experiência arrastou a cura, onde o ónus é sempre nosso: sim, o ónus foi sempre meu.

Friday, June 05, 2009

É...

Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.

Desculpa,
Tudo que vivi foi
profundamente...

Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.

Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.

Até onde posso ir para te resgatar?

Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De eu me inventar de novo.

Desculpa se te olho profundamente,
rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Antes dos seus passos.

Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;

Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.

Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."


Elisa Lucinda

Thursday, June 04, 2009

Agora: certeiro e verdadeiro.

"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se o não fizerem ali?"

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego.

Wednesday, June 03, 2009

Frases de rasgar sorriso...

"Fazia o que tu quisesses só para te poder ver nua... (...)
Disseste que se eu fosse audaz tu tiravas o vestido, e o prometido é devido!"

Monday, June 01, 2009

O único modo de escapar ao abismo é observá-lo, e medi-lo, e sondá-lo e descer para dentro dele
"Il Mestiere di Vivere", Cesare Pavese

Vir a Lisboa

Não somos os mais acolhedores, eu admito, não somos os mais simpáticos, não acenamos na rua e quando não vemos uma pessoa há muito tempo temos o pudor da capital em não falar. Todas as cidades têm o seu entendimento e assim vivemos no encontro prazereiro de quem amamos, esquecemos o resto. Não há mal nem bem, não há odes ao norte nem ao sul. Odes seremos nós, cada um na sua raiz, odes seremos nós se entendermos que elas não existem e que, cidadãos do mundo, estamos em comunhão connosco quando estamos em comunhão com os braços abertos ao espaço.
Adoro receber-vos. Adoro receber na minha casa, a minha cidade. Amo Lisboa. Os recantos. Os rostos. A mescla de alguns espaços. Quem não se encanta a ver a luz do Tejo em tardes de sol?! Tenho os meus sítios, partilho-os. Adoro receber os amigos do Porto (cidade pela qual tenho uma peculiar paixão) de braços abertos na capital nocturna e esperar alcançar um pouco de paz naquele terraço que eu gosto de sentir só meu. Tenho pena que tudo seja tão fugaz, que não vos possa reter mais... Quero mais abraços nortenhos, tenho saudades.

Tuesday, May 26, 2009

Alcance

Muitas (tantas!) vezes, queremos expor uma ideia, convencer, e simplesmente não somos capazes. Queremos dizer alguma coisa, mas mais fácil seria imprimirmos num abraço o ideário que nos passa na cabeça. A mente perfura todos os caminhos, tentando descortinar se ainda somos capazes, arrancar cabelos à toa e os pés a moverem-se de forma desconcentrada. É assim que me sinto, impotente. Quero gritar aos teus ouvidos tudo o que és, tudo o que significas, o teu sorriso de iluminar o mundo, de remover a pedra dianteira, os teus sapatos de biqueira de aço, tão certeiros e justos. Olha à tua volta. Não vou infectar-te com a doença do "o céu é azul" mas... não é que é mesmo? Não é que o vemos mesmo? Não é que nos entretemos como conseguimos e resta o nada porque mesmo alguma coisa nos parece nada, e queremos sempre mais para lhe chamarmos mais-do-nada depois? Está dentro de nós. Está perdido profunda e sinteticamente naquele lugar que não alcançamos mas... não faz mal receber a mão que vem de fora, pentear o cabelo de forma nova, sorrir com os dentes da alma e compreender que a vida, como a sonhámos, pode não estar aqui. Mas o futuro... bem, o amanhã é nosso.

Thursday, May 21, 2009

Compreender-me.

Visitei-te (como tantas vezes): tinhas os meus olhos, os meus cabelos, as minhas unhas. Usavas essa franja inglória e a cor azul como o perfume dos meus fiéis antepassados. Cerrei os olhos. Não te queria ver. A pouco e pouco fui franzindo o sobrolho para compreender se estarias mesmo ali e encaravas-me com a expressão ávida de sempre me conhecer e não mais subir os meus degraus, recriá-los, evoluir. O adro da igreja paria as modas e o meu sussurrar confuso desamparava-te gargalhadas; eu sorria, melindrada, à minha paixão com espinhos. Usavas a minha camisa, uma branca, que sempre foi branca mas que fica mais branca em ti. Fintaste os olhares de tantos outros para te escancarares no meu, desbravares esse caminho que sabias ser incapaz de engolir sozinho.

Ficaste pasmado de me ver partir aquelas muralhas, de me ver percorrer os montes, cobiçar as almas e as filosofias, manusear a minha percepção de um mundo encantado, onde a limitação sou eu e eu não me limito. Tiveste medo. Por isso ali ficaste, para sempre, longe, onde o sol nasce e o meu amor se põe.

Friday, May 15, 2009

A caminho de Bali (em pensamento...)

"O melhor do mundo é viajar sozinha. Pela liberdade, pela pureza, pela ausência de expectativas. A segunda melhor coisa do mundo é viajar acompanhada de alguém que caminha ao mesmo passo. Sem pesos, sem dependência, sem expectativas. Só surpresas."

[desculpa o roubo...]

Wednesday, May 13, 2009

Relevância maior

Porque há momentos na vida em que as coisas pequenas deixam de importar, as pessoas pequenas deixam de importar, os olhares pequeninos deixam de importar... e somos de novo crianças, um brilho astuto no olhar, uma exclamação por um sonho, um período feliz! Hoje sou feliz e se é para ser feliz "que seja o tempo todo!".

Parabéns, a nós!

Friday, May 08, 2009

Monologar

Deixei-te a porta entreaberta e assim ficou até desistir. Não desisto apenas do vinho do Porto e das lágrimas, desisto do delírio circundante ao nosso ser-ser que, aparentemente, nunca foi. Desculpa se finalmente chegamos ao ponto da ferida maior, intocável. Desculpa, cheguei ao ponto em que o teu vinho tinto não me atrai, o meu corpo é só meu e a minha cabeça arredonda as dúvidas que foram nossas. Mentira, nunca nada foi nosso. Sei a que sabes, conheço os meandros do teu toque e a forma como as tuas mãos circundavam a minha loucura adivinha, aquela que renunciava ao teu olhar e ao mesmo tempo o tragava de um golo apenas. Provei-te, como se prova um sereno amanhecer, devagar, até, de repente, compreender que de amanhecer tinha pouco, e que finalmente já não estavas ali (sim, estávamos ambos a ponto de anoitecer, longe!).
Tenho saudades das cócegas no meu umbigo, da tua linguagem corporal, de quando andavas à minha volta num círculo apertado e atiravas a minha gargalhada ao ar. E me beijavas. Não os meus lábios, a minha alma.
Entretanto, viajo por aí, conheço outros passeios e outras aventuras desavindas, bebo vinhos do Alentejo sem me preocupar com o sabor. Vi o sol nascer, toquei com os pés na areia, percorri com as mãos em fuga um relvado fresco e vi um belroreto à minha janela. E nada, juro-te, nada disto te pertence, nada disso é teu. Perdi os meses, nas veias o tornear confuso de outras mentes que não importa desvendar, não tenho mais os "nossos" problemas. Não sei quem discutirá por ti, que povo te defenderá dos lobos, quem cantará pela tua voz e te sugará o sorriso e te ouvirá dizer "tuuuuu". Nada do que é nosso é nosso, nada do que retirei da tua saliva insípida é mais meu e no entanto, nesse veneno que foi uma paixão fugidia, encontrei-me. Tu não serás meu, mas eu serei mais minha.

Wednesday, April 29, 2009

In the mood for love

Tenho vontade de perder o fôlego. Ser um amante estonteante que se abraça na noite, deixar a cabeça cair para trás, sentir-me morta por um beijo, um último beijo, até amanhã, até ao próximo adeus. Chega desta superficialidade arrasadora do até já que não volta, das portas fechadas de vez em quando, do silêncio dos gritos de ciúmes, da loucura, do querer, só querer, querer mais e mais. Quero que acendas velas e me deixes ouvir cantar os pássaros, que cantes em andamento, que me abraces e me beijes o rosto de um só suspiro, que me atropeles os sentidos, que me faças sorrir, rir, gargalhar. Paremos de querer o fácil, ancoremos o difícil, qual o problema de ser sozinha?!, hoje, amanhã, enquanto não se acha, enquanto não se encontra, enquanto não se compreende. Sou sozinha quando me olho ao espelho pela manhã e não preciso de um ardor para me comover com a cor dos meus olhos, preciso de um amor puro e sincero, pouco idilico, mas muito vivido, muito amado, que me sugue, que percorra o meu corpo, que desvaneça as minhas razões e me tire argumentos. Quero, finalmente, um amor como o último vinho tinto: uma surpresa e, ao toque aveludado nos meus lábios, um sabor cada vez melhor.

Friday, April 24, 2009

De momento

Olhe aqui, olhos de azeviche
Vamos acertar as contas porque é no dia de hoje que cê vai embora daqui...
Mas antes, por obséquio:
Quer me devolver o equilíbrio?
Quer me dizer por que cê sumiu?
Quer me devolver o sono meu doril?
Quer se tocar e botar meu marcapasso pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar a mão de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
Quer parar de torcer pro meu fim dentro do meu próprio estádio?
Quer parar de saxdoer no meu próprio rádio?
Vem cá, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar meu espelho?
Assim: agora fica de joelhos e comece a cuspir todos os meus beijos.
Isso. Agora recolhe!
Engole a farta coreografia destas línguas
Varre com a língua esses anseios
Não haverá mais filho, pulsações e instintos animais.
Hoje eu me suicido ingerindo sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
Pronto: última revista
Leve também essa bobagem que você chamou de amor à primeira vista.
Olhos de azeviche, vem cá:
Apague esse gosto de pescoço da minha boca!
E leve esses presentes que você me deu: essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tire também esse sentimento de penetração
Esse modo com que você me quis
Esses ensaios de idas e voltas
Essa esfregação
Esse bob wilson erotizado que a gente chamou de tesão.
Pronto.
Olhos de azeviche, pode partir!
Estou calma.
Quero ficar sozinha eu co'a minha alma.
Agora pode ir.

Gente! Cadê minha alma que estava aqui?


Elisa Lucinda
Texto para uma Separação

Tuesday, April 21, 2009

Diálogos...

- "We are not having sex!"
- "Why not?! We don't have anything to talk about!"

Monday, April 20, 2009

Tu.

Dói-me os dedos de roer as unhas e os dentes de os ranger. Doem-lhe os olhos cansados, de apreciar de fora, como quem se suspeita por entre a multidão. Dói-me o sonho ferido de acontecimentos passados e chora-me o cansaço na mesma cama onde gargalhei naquela noite. Caem as asas a todos os instantes e, sem sequer a sombra do anoitecer, encara-se a vida com os olhos de uma humanidade repugnante que tende a ser nossa, e tende a ser verdadeira. O ser que desperta esta noite será diferente do de ontem, eu serei diferente de ontem e as minhas palavras sairão da minha boca de uma forma diferente de ontem. É porque ser, hoje, passa por ser diferente de ontem que o tempo machuca os fieis (ao amor, ao sonho, ao o que quer que seja...) e essa mágoa, vencida, deveria encharcar-se em mais do que um Rosé, mas nele se envolve e eu em ti me envolvo, para esquecer que existo e para preparar o teu adeus saudável de quem passa por passar.

"Ainda não manejei uma arma que não desse ricochete"

Friday, April 17, 2009

Para o futuro

"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver
só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe
a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."


Nuno Júdice

Saturday, April 11, 2009

Evolução

Compreendemos, em determinado ponto, o irrefutável mistério da vida. A surpresa. Tragamos a intempérie de sermos nós, humanos, não-perfeitos, não-super heróis. Dançamos no abraço do sonho que ficou na infância, no ser naive que se suporta e se sorri, o transpirar intenso dos planos que não se levaram até ao fim (e ainda bem!). Descobri que a surpresa de não ser actriz ou bailarina é tão doce como a surpresa de ter deixado de fazer, de ter feito outra coisa, de ter pegado nos sonhos e, não os arrumando, tê-los transformado em massa, esta massa de que sou feita e que se deixa enfeitiçar pelas pessoas, pelas outras pessoas. As almas, as que caminham comigo, são a minha dose diária de uma droga sedutora, que me vicia, mas que se impera como a saudável tradição de um ombro e um abraço. Não preciso de planos. Tenho os objectivos abstractos. Evolui. Evolui para uma paixão de vida que não se corrompe com os erros, com os enganos, com os trilhos sem saída. Tenho uma catana atada à minha alma que cortará os obstáculos que se imponham, aqueles por cima dos quais eu chorarei (e não quero deixar de ter a capacidade de os chorar, de os deitar para fora de mim como um vómito simples, um limpar de alma), por cima dos quais eu imporei a minha vontade mas também a deixarei cair quando houver tudo o mais de importante que lave o meu orgulho. Porque maior orgulho que esse é ir ao topo. E ainda maior do que esse é nunca deixar de subir.

Wednesday, April 08, 2009

Por favor

Há dias em que pensamos... em nada. E de repente o tudo que é nada é grande. Pensamos em estar à mesa com o nada. O nojo de uma vida sem o cúmulo preferido de uma loucura cinzenta. Onde está o nosso vinho?! O nosso vinho e o nosso ardor, as tuas mãos em conversa sobre o meu pescoço, uma nova táctica, um novo plano de jogo contado à luz dos meus lábios. Quem? Para onde? E eu?! O envolvente meio perdido e complexo, nós complicados, invólucros da nossa pele, um casulo sem futuro de transformação, não, não terás a sua cor e eu não sou a tua Primavera. Esquece pensamentos, esvazia-me esvaziando-te, tira-me as palavras, aventura-me no sorriso informal que me davas, que me deste, que era a parte minha de um teu não-amor que era perfeito. És um suco quente, doce, o copo é de uma realidade que ao momento não importa, que à prateleira se empoleira, que ao coração astuto se prosa e se conversa, apenas, garantias que não prometem. Não te me prometas, senão o doce e amargo sabor do teu frágil sentimento no tempo. Somos um do outro no intemporal que não se pensa mas que se delicia. Por favor, delicia-me.

Tuesday, April 07, 2009

Por um momento

Por momentos, por alguns momentos, eu estava em casa. Eu ria-me e o ar cheirava a terra molhada. Por alguns momentos as conversas eram leves e as palavras acompanhavam-se com calças de ganga e nicola. Por alguns momentos era tudo conhecido e o tempo parecia escasso para tudo o que se desejava fazer mesmo quando não se fazia, mesmo quando a disponibilidade se opunha à leitura ávida do jornal que culminava naquela página partilhada (às vezes por horas). Por momentos era feliz, acompanhava-as ao sol e afastava o fumo naturalmente com uma mão, engolindo o passado que seria futuro em poucos dias. Por momentos era criança, esquecia-me do ser adulto e de pôr menos açucar no café, não tinha colegas, tinha amigos e companheiros e perdia-me no parecer ser que me fazia sorrir. É que por momentos sorria-me. Por momentos ouvia o meu nome por todas as empregadas e só quebrei o por momentos quando ela disse que o tempo passava depressa. Por momentos era o cheiro dos livros quebrado com a certa certeza de as paredes estarem agora de uma cor diferente e ter de tirar senha para copiar aulas, AULAS. Por momentos queria perder-me na nostálgia e fingir que o novo mundo, que este novo mundo, era apenas um lugar estranho que eu tinha sonhado. É que por momentos, aqueles doces momentos, estava em casa outra vez.

[E brindo à possibilidade de ter entrado novamente em salas de aula, de nos terem dito "não percam o espírito" e de perceber que o espírito universitário não morreu em mim.]

Sunday, April 05, 2009

Toda a razão: sou eu (e às vezes é uma pena).

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde

Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:

Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar
O meu outro
O meu lugar
Porque até aqui eu só:

Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:

Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

Saturday, April 04, 2009

Dias

É requisito imprescindível do ser humano madrugar com o ar entediado de quem se auto-contraria. No entanto, seria pressuposto conhecer das razões de um estranho odor a mágoa na boca e um reflexo curioso no estômago.

O ser humano inebria-me.

Thursday, March 26, 2009

Explaining a lot better than me - John Mayer

So I was thinking about relationships, as a routine to songs about relationships, and I was trying to think, well it occurred to me, that the key, I figured out the key of a relationship and how to make it work. Check it out, this is a tip from your uncle John. Check it out:
When you first meet somebody, you find they like you first of all. A friend of a friend of theirs says he or she really likes you, and it kills you, forces you, throw you to the ground, you’ve got to pick yourself off the ground. Then you get her phone number, you call them up right, and you say “yeah, that’s a great phone conversation, can I see you sometime?”. And then they say this, they say “I’d like that”. "I’d like that" makes you fall on the floor again, your heart is about to stop because of “I’d like that”. Nothing feels better than “I’d like that”. So now your blood pressure is going, you’re six feet off the ground, you can’t sleep because of “I’d like that”. So you hang out for a while, and then you call and you’re talking on the phone all the time, and then you drop the bomb, what feels like the bomb, and you say “you know what, I’ve been thinking about you for a while”. And she goes “aaaaahhhh”. You go “what happened?!” And she goes “I’m sorry, I just…, I just…, I just… I’ve been thinking about you too!” Bam: higher in the sky. But now “I’d like that”?! Done. Now you’re up to “I’m thinking about you”, then however number of months pass that make you feel comfortable saying it, you say “I’ve got to tell you something”, they go “what?”, you go “I’m in love with you!”. And nothing in the world sounds better than “I’m in love with you”. And maybe then she starts crying, maybe he goes “ahhhhhhhhh”, and all the sudden you’re like “I’m in”. But now what doesn’t work is “I’d like that” and “I’ve been thinking about you”. Now we’re up to “I’m in love with you”. Then maybe someday it goes to “I love you”, fast forward, now you’re like “I love you a lot”, “I love you more than anything in life”: now “I love you” doesn’t work. As a flesh it keeps moving up, fast forward like six months, six weeks, whatever the case may be, now you’re like “I want to marry you”, “I want to empregnant you with my love”,” I want to just send my love to you”. Damn it, words don’t work anymore, and then you say this line, you know you’ve used this line before!: “I just wish they would put a new word on the dictionary bigger than love, cause love just doesn’t describe what I feel.” And so then now he or she starts asking “Do you love me?” and he starts going “Of course I love you”, “Well, say it”. And he starts saying it twice, and then he says it three times, and then you cross a really interesting point where all the sudden it becomes “I hate you, I hate you” and you go “Oh my God, she hates me” and now it’s like “I hate you more than anything” and it’s like “we’re over” and then they go “no we’re not” and you go “Yes we are”, and now the words completely do not work at all. You’re left with nothing, you’re throwing punches on the water, you’re done.
You know what the moral of that story is? If there is one… Never ever ever ever ever ever underestimate the power of “I’d like that”.

Sunday, March 22, 2009

Assim.

Entrar em casa e ver uma parede pintada de vermelho escuro. Deitar-me no meu sofá (preto?!). Ligar-lhe a perguntar como estão as obras da casa de Milfontes ("O projecto é teu, tu é que sabes!") e a ela a perguntar qual é o tema, "temos de ter um tema!; compraste a rede para o terraço?!". Vê-lo entrar em casa e pegar no saxofone. Tapar a cabeça com a almofada, ele arranca-ma e lutamos até rirmos muito, até nos abraçarmos, até me olhar em profundidade, até... ali. Saio de casa e chamo um táxi, em poucos minutos apanho-as e encontramo-la à porta do restaurante. Brindar ao número mágico. "Era aqui?" E as garrafas do café Buenos Aires são nossas outra vez. É o aniversário da viagem, e os seis vêm ter connosco mais tarde (ou os cinco, ou os dois... a quem já importa?!). No dia a seguir deixo-a em Caneças, pela primeira vez, e aquela associação irritante-que-ninguém-criará-mas-que-nos-é-inerente está criada no sol da Dona Cristina, quando "como é que é possível?! O café soube-me tão bem!". Ligam-me: é um concerto, é uma peça de teatro, é uma festa... É ela no barco e elas a avaliar anos e anos de vida em comum... Passo pela montra e coro com a capa do meu livro exposta. No dia seguinte posso pegar no carro e fazer-me à estrada, a minha estrada, "non m'encantes por favor". E posso falar italiano, e posso ir até Nova York falar com clientes, uns clientes, mais uns clientes.
É esta a vida que eu quero.

Friday, March 20, 2009

Interrail

Não há caminhos do mundo que evitemos conhecer. Simplesmente porque somos assim, evito explicar. Somos, evitando a todo o custo definições, cidadãs deste globo. Felizmente. E felizmente também a nossa casa é Lisboa e a nossa sala o Mundo, não temos ilusões. Somos os carris por onde nos tendemos a percorrer, somos os estofos castanhos, as mochilas nos cacifos e as vidas numa respiração ofegante de quem apanha o comboio, de quem encontra os comboios da vida. Chegamos envoltas em pó e histórias para contar, as calças mais rotas, os olhares mais ávidos, os pés mais sofridos, as cabeças mais alerta, mais resplandecentes. Amo tudo o que correu mal, e o que correu bem teve o doce sabor de continuidade da aventura. Adoro as malas presas na estação, os mendigos atentos, o museu fechado, perdermos o Pedro numa ponte, a barata no chuveiro e o Santos (trolha ou pedreiro, vá-se lá saber agora...). Sabe-me ainda aos crepes de Berlim, ao chuvoso de Paris, ao chocapic nas ruas de Split, à carne de Zagreb e às cervejas oferecidas por maravilhosos portugueses em dores de Budapeste. Sabe-me também aos cocktails de Praga e envolvo-me nos sorrisos de coleccionador de tantos e tantos (happy) meals.
Experiências do ser mais rica, mais, alegremente, velha, com a vivência de quem e para quem a vida é, pode ser, um feliz momento de mochila e chinelo no pé.

Obrigada.

Tuesday, March 17, 2009

Momentos...

Porque há pessoas que me tocam no mais profundo de mim e há momentos inesquecíveis... e porque Ela me fez chorar... aqui.

Friday, March 13, 2009

Delicia de sorriso.




Hoje apeteceu-me e... sim, partia já!

A plataforma da minha infância.



Eu e o meu mundo encantado...

Obsessões

Queria ser obsecada por alguma coisa. Pacotes de açucar, chávenas, copos de cerveja, colheres de café. Queria ser obsecada por um lugar. Alentejo, o pequeno varandim para o rio; Douro, o ardor de um silêncio inabalável e verdejante; Porto, cheiro a gente e cultura; Lisboa, a luz invariavelmente perfeita do reflexo da calçada; o pequeno pedaço de relva no pequeno pedaço de jardim no meio da pequena cidade do qual ninguém se lembra; ... . Queria ser obsecada por algum número. Como Wagner era pelo 13; como ela é pelo 7; como ele é pelo 6. Queria ser obsecada por uma marca de café. Nicola na faculdade; capsulas de Lavazza no escritório; delta em casa; nespresso na casa dela. Queria ser obsecada por um doce. Apple Crumble; cheese cake; sericaia; arroz doce quente feito por ela; leite creme; petit gateaux. Queria ser obsecada pela possessão de um objecto. O MEU carro; o MEU pequeno cinzeiro que tenho desde que a minha tia emprestou tabaco naquele dia à minha prima que estava chorosa porque o amigo da outra era quem a fumava e consumia; a MINHA almofada. Queria ser obsecada por um livro. Lê-lo intensamente, partes, todas as noites, como um seguimento de mim própria, a linha condutora do ser repleto de certezas. Queria (mais!) ser obsecada por uma pessoa. Obsessão saudavelmente deliciosa, envolver-me num abraço quente e ajeitado, olhar-me ao espelho e vê-lo atrás a sorrir, perder a cabeça e ele encontrá-la, aninhada no seu antebraço, enroscada na espuma selectiva de um amor louco e verdadeiro, de um ardor de paixão emotivo no salto para um abraço à chegada.

Enfim...

Thursday, March 12, 2009

Woody Allen

Quando estou cansada de ser eu própria, quando não tenho razão porque não tenho espaço mental para ter discussões onde possa ter razão... sinto-o sussurar-me ao ouvido "O eco tem sempre a última palavra" e deixo-me adormecer.

Wednesday, March 11, 2009

Pensamentos atulhados de história

Tens de ter um momento, um só momento, em que tudo te passa à frente dos olhos e, ou te identificas, ou não te identificas. Se te identificas, se queres, luta. Não fujas, luta. Se não queres, lutas por ti, por seres tu, sozinha. Porque aos 23 (ou aos 60!) não temos de considerar a liberdade atada à sensibilidade do não ser, do não sentir, não paixão, tens de considerar a liberdade de seres tu, porque sim, a todo o tempo. Não somos nós nas horas vagas do tipo-sociedade. Somos nós nos meandros do ser-social que tipificámos nas entranhas de um amor terreno por nós próprios, pelos nossos hábitos e considerações, pela voz da nossa razão, tão especialmente integrada no ser-ser.
Seres tu, por mais lugar-comum que isso agora te possa parecer, por mais balela, por mais cabra insensível que se possa ouvir enquanto "piropo" pelas estradas daí.
Tenho vontade de te abraçar, abraçar o ser que nasce por entre as tuas lágrimas verdes. Não precisas de nada. És suficiente e a vida como a podes ter nunca será "suficiente" para ti: será deliciosa.

Sunday, March 08, 2009

Imensidões que me pertencem (um lugar de paz)

Não tenho palavras para este palavrar. Um palavrar intenso, partilhas inesperadas. Como se se sucedessem momentos sem esforço, seja porque ele não tem aquela força nos lábios, seja porque ela está na idade dos "porquês". Um espaço determina. Um espaço determina-me. É a intensidade poderosa dos lugares, a sensação de um charme que emana o espaço, o cheiro que emana aquela vista até ao rio, o frio da pedra com o calor do sol que bate na cara. É mesmo como se lá me cheirásse a conversas boas e a harmonia, paz e dramas relativos (a chave que não estava dá dores de cabeça aos responsáveis do riso). Gosto dali. Gosto do ali que é mais ali para quem sabe o que ali se vive, ou para quem está todo dentro da coisa, a refere como organismo, a cita como referência. Perfeição num sol de Inverno, num café pela imensidão.

Brindarei sempre a fins de semana assim...

Tuesday, March 03, 2009

Lições de vida

[não vou viver como alguém que só espera um novo amor...]

Sim, sempre fui uma apaixonada pela palavra, pelos amigos e pelo mundo. Sempre fui uma incentivadora do "não te conformes" como quem entra pelos meandros dos cérebros e os impede de parar de jogar. Não que acredite que todos podemos ser genuinamente bons, todos somos genuinamente nós, nem bons nem maus, dependendo do ângulo da situação, mais ou menos criticáveis, mais ou menos desculpáveis ou mesmo responsáveis, por eles e pelos nossos "nãos". Acredito no conhecimento e no desconhecimento, acredito que podemos dar a imagem certa e a errada, que dependerá sempre muito e pouco de nós: momento, ambiente e olhar limam as arestas destes poderes. O amor não é vão, mas tmbém a sua essencialidade depende do mesmo que os encontros, mas com o bónus "trabalho", a ocasião não chega. O que arrepia o comum dos mortais é a leviandade de não se saber ser livre, a incapacidade de compreender que estamos para além, mais além, na maturação do além, que é a solidão. Estarmos connosco próprios não é sequer uma forma de solidão, menos ainda de isolamento, é uma forma de auto-conhecimento, luto, estratégia e envolvimento com o resto do mundo, o material e o mais, sem a partilha intrínseca a uma relação amorosa, mas também sem a partilha das olheiras e da irritação matinal. Sermos nós, sem medo de chegar a casa e só ver a parede pinta de azul sem o sorriso de alguém, é um passo de força, é um caminho profundo. Seja.

[... Há outras coisas no caminho aonde eu vou; As vezes ando só, trocando passos com a solidão; Momentos que são meus e que não abro mão...]

Monday, March 02, 2009

Monday, February 23, 2009

TEMPTATION

Heaven, a gateway, a hope
Just like a feeling inside, it's no joke
And though it hurts me to treat you this way
Betrayed by words, I'd never heard, too hard to say

Up, down, turn around
Please don't let me hit the ground
Tonight I think I'll walk alone
I'll find my soul as I go home.

Each way I turn, I know I'll always try
To break this circle that's been placed around me
From time to time, I find I've lost some need
That was urgent to myself, I do believe

Up, down, turn around
Please don't let me hit the ground
Tonight I think I'll walk alone
I'll find my soul as I go home.

Oh, you've got green eyes
Oh, you've got blue eyes
Oh, you've got grey eyes
Oh, you've got green eyes
Oh, you've got blue eyes
Oh, you've got grey eyes
And I've never seen anyone quite like you before
No, I've never met anyone quite like you before

Thoughts from above hit the people down below
People in this world, we have no place to go
Oh, it's the last time
Oh, I've never met anyone quite like you before

New Order
[Porque há presentes que nos dão que ficam, porque conheci pessoas no percurso que por mais atropelos da vida, serão sempre únicas, as únicas!]

Friday, February 20, 2009

Hm.

Afirmas que brigámos. Que foi grave.
Que o que dissemos já não tem perdão.
Que vais deixar aí a tua chave
e vais à cave içar o teu malão.

Mas como destrinçar os nossos bens?
Que livro? Que lembrança? Que papel?
Os meus olhos, bem vês, és tu que os tens.
Não te devolvo - é minha - a tua pele.

Achei ali um sonho muito velho,
não sei se o queres levar, já está no fio.
E o teu casaco roto, aquele vermelho
que eu costumo vestir quando está frio?

E a planta que eu comprei e tu regavas?
E o sol que dá no quarto de manhã?
É meu o teu cachorro que eu tratava?
É teu o meu canteiro de hortelã?

A qual de nós pertence este destino?
Este beijo era meu? Ou já não era?
E o que faço das praias que já não vimos?
Das marés que estão lá à nossa espera?

Dividimos ao meio as madrugadas?
E a falésia das tardes de Novembro?
E as sonatas que ouvimos de mãos dadas?
De quem é esta briga? Não me lembro!


Rosa Lobato Faria

Wednesday, February 18, 2009

Aniversário

Há dois anos a minha vida mudou. Talvez não tenha efectivamente mudado há dois anos mas a verdade é que o impulso começou aí. Ontem, por esta hora, estava a beber um café nervoso e depois segui para casa, peguei na minha mala e saí. À noite escrevi um texto e adormeci numa cama que não era minha, num quarto que não era o meu, sozinha e com medo que a noite passasse. Naquele momento era tudo egoisticamente meu. A noite passou calma e o meu estômago embrulhou-se ao acordar. 19 de Fevereiro foi um dia estranhamente memorável (principalmente porque não me lembro de nada) mas foi uma marca, a minha marca. Desde então que fui modificando, passo a passo, aquilo que era e assim me transformei, sou eu, nova, como ela me disse: "De todos, tu és a que estás mais diferente!". E estou. Mesmo. Felizmente.
Parabéns a mim!

Monday, February 16, 2009

Eu disse-lhe:

Lamento, não estamos em paridade de armas. Tu achas que tens uma vida, que tens uma pessoa, que tens o momento, o não-sentimento, o sentido, a razão. Eu tenho uma vida, a minha, que tem nada a ver com a tua; tenho pessoas, que não me abandonam, que não se abandonam por mim, que não deixam que me abandone por elas; eu tenho os momentos, guardados, não os busco, ocorrem-me, não os censuro, sucedem-se, e eu sei viver com isso; eu tenho os sentimentos, que não são nãos, são sins de passados, são outras vidas, outros eus e outros nós a quem sorrio ao espelho quando necessito de passar (e só aí!); eu tenho o sentido, de ser mais, de encontrar mais, de me encontrar e reconhecer que erro, quando erro e que tenho de me dar ao luxo de errar para ser o eu que quero para mim; eu não tenho razão, mas quando tenho não preciso de a afirmar, é minha, e eu é que sei. Tu... bem, tu tens...; eu tenho!

Por isso é que não posso falar contigo. Seria injusto... para ti.

Friday, February 13, 2009

Não fales!

Olhei e vi-o. Vi. Vi-o. Um todo. Um global arrepiante que enamora. Segui-lhe os passos com o olhar e perturbei-me com o sorriso que me deixou cair. As suas pálpebras raramente estão quietas, muitas vezes as semiserra, ou gira o globo, torneando o pensamento que podia ser meu. Como uma pequena criança avanço desconsolada por entre os outros que me parecem postes, postes enormes, imponentes até, imbatíveis, sei lá eu se são, não os conheço nem quero. Mas ele, ele, o Meu homem misterioso, que todos os dias esconde os lábios no seu casaco, os protege do frio e da palavra. Como que tenha medo de estragar tudo. Sim, ele tem medo de estragar tudo. Também eu.

Wednesday, February 11, 2009

Wednesday, February 04, 2009

Gostei - seco e directo.

"Sempre achei que o namoro, o casamento e o romance têm início, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando oiço aquela conversa:
"Ah, acabei com o meu namorado!"
"A sério? Há quanto tempo namoravam"
"Há cinco anos… Mas não deu certo… Acabou!"
"Pois não deu…"

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que podes ter vários amores.

Hoje, não acredito muito que os "opostos se atraem". Porque há sempre uma parte vai ceder muito e adaptar-se demais. E é sempre esta a parte mais insatisfeita. Acredito mais em quem tem interesses em comum. Se adoras dançar, é melhor namorares com quem também gosta, se gostas de cultura, é melhor andares com alguém que também goste. Frequentar lugares que gostas ajuda a encontrar pessoas com interesses parecidos com os teus. A extrovertida e o anti-social é complicado e, depois, entras naquele ponto de um querer mudar o outro… Ui! As pessoas mudam quando querem. E porque querem. E pronto. E, para além disso, demora!

A cama é essencial! Aliás o sexo é fundamental. E há gente que é mais sexual, gente que é mais calma. O garanhão insaciável e a donzela sensível é estranho! Isso vai causar muitas frustrações e custar muitos livros de auto-ajuda sobre sexo.
Assim como outras coisas. Cada um tem um perfil sexual. Cheiro, fantasias, beijo, manias, quanto mais sintonia, melhor.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes não consegues nem dar cem por cento de ti para ti próprio, como podes exigir cem por cento ao outro? E essa coisa do "completar" não existe. Às vezes ele é fiel, mas não é bom na cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ele é "todo bom", mas não é sensível. Descobre qual é o aspecto que é mais importante e investe nele.

O sexo é um bicho traiçoeiro. Quando o tens com alguém, pode ser o pai com mãe, ou seja do mais básico que há e pode ser uma delícia. E às vezes tens aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona… Acho que o beijo é importante… E se o beijo bate… Meu Deus… Senão bate… "Mais um Martini, por favor"… e vai dar uma volta!

Se ele ou ela não te quer mais, não forces! O outro tem o direito de não te querer mais. Não lutes, não ligues. Se a pessoa está com dúvidas, o problema é dela, tu esperas ou não.

Existe muita gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele hesita, tem dúvidas e medos. Mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Sem dramas. Que piada tem teres alguém ao teu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro ou pressão de família? O bom é ter alguém que está contigo apenas por ti. E vice-versa.

Não fiques com alguém por dó também. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. O nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando acordas, a primeira impressão é sempre só tua, o teu olhar, o teu pensamento.

Há gente que salta de um romance para o outro. Que medo é esse de te veres só, na tua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes vais sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte. Tu namoras outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas são como queres. A pior coisa é aquelas pessoas que têm medo de se envolver. Se alguém vier com essa conversa, corre! Afinal, tu não és terapeuta. Se não se quer envolver, que namore uma planta. É mais previsível.

Nem todo o sexo de qualidade é para namorar. Nem todas as pessoas que te convidam para sair são para casar. Nem todos os beijos são para fazer um romance. Nem todo o sexo de qualidade é para descartares, para te apaixonares ou te fazer sentir culpado.

Na vida e no amor, não temos garantias."

Anónimo

Tuesday, January 27, 2009

Friday, January 23, 2009

Para quem?

Estou em busca da felicidade. Já comprei uma rede de borbuletas e um detector de metais. Prometo detalhe da cor da asa, voos complementares e aventuras subterrâneas. Queres?

Thursday, January 22, 2009

Lamento não ter o dom da ubiquidade.
Lamento.
Estaria, neste preciso momento, pontapé nas intemperis, desaconselhos inúteis, caos da futilidade arrasada pelo meu chá das cinco às onze, conversa de melância aberta ao sol... aqui:
- A passear o meu cão e a correr ao lado dele com o ipod que não tenho;
- A conduzir a alta velocidade pela descida da crel;
- A receber uma massagem em Hong Kong;
- A atacar-te a borbulha;
- A ver uma série qualquer em frente à lareira;
- A fazer uma contestação com reconvenção que me obrigásse a pensar;
- A fazer um parecer sobre a personalidade jurídica dos golfinhos;
- A dizer-vos que são lindas;
- A ter frio em Nova York;
- A dizer-te que odiava quando falavas alto, quando opinavas de outras bocas;
- A dizer-te que tens razão, que soube ser horrível mas que não importa o quanto nos magoam temos de saber perdoar para poderes seguir em frente sem mim;
- A dizer-te que também não me merecias;
- A tomar banho nas Caraibas;
- A sorrir-te;
- A brindar à vida, à nova vida, aos lugares-comuns e ao facto de dizer lugares-comuns já ser um lugar-comum.

[E depois ria-me muito.]

Wednesday, January 14, 2009

Valium

[Atenção: Isto é um desabafo!]

Nunca na minha vida tinha visto o mundo com estas lentes. As lentes de Valium. O mundo é mais desfocado e eu devo ser anormal. E porquê? É suposto relaxar-me, era suposto eu estar a achar linda a luz cinzenta por detrás da ponte. Mas a verdade é que me enerva. Enerva-me o computador mais nítido, enerva-me a voz das pessoas, enervam-me os papéis e a cor dos dossiers dos processos. Enerva-me o ar condicionado e o calor que tenho. E se tivesse frio, aí, ainda mais me enervava. E enerva-me mais ter esta vontade patente de chorar porque não posso conduzir "carros ou máquinas" e por não ter vontade de me rir do nome da doença nem de ter de faltar aos MEUS compromissos para ficar na cama.
Acho que a minha caixa estava estragada. E isso dá-me vontade de chorar.

Monday, January 12, 2009

Wednesday, January 07, 2009

Verão, que saudades destes teus dias quentes...

@ Milfontes

Drama de uma liberdade

Ponho-me, cegamente, a pensar. Obtuso-me, fecho-me no varandim do meu cérebro e espero um pouco. O que é, afinal, a liberdade? (não se iludam no lirismo: desejo saber apenas o que é, afinal, a MINHA liberdade).
Liberdade, s.f., faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbitrio qualquer coisa. Independência; autonomia; permissão; ousadia.
Esperem lá, as palavras prendem-me a um definir concreto, oposto a este sentimento abstracto de ser livre, de me encontrar livre, de voar sobre as minhas asas, de me reencontrar em episódios só meus, no arbitrio, sim, no MEU, naquele que só se define no momento, na minha permissão do momento. Sou-o, inequivocamente, tantas vezes e em tantos segundos que me deslaço de pensar se o serei realmente para os outros, ou se esquecerei e me quederei somente naquela falta de individualismo desta realidade que nos transcende, os pequenos e grandes, conforme a visão do universo. Estou cansada. A liberdade, persegui-la, cansa. No entanto, devo aclarar: não sou plenamente livre (mas, afinal, o que significa, também, plenamente?!). E ainda bem. Ainda bem que tenho restrições que me imponho (atenção ao "me"), que tenho pessoas na minha vida nas quais penso e peso face à minha liberdade. E é este sentimento de liberdade que me atrai, que me faz sorrir de olhos abertos, que me abraça: a liberdade de não estarmos sós e de decidirmos a nossa liberdade enquadrada na vida, aquela que já é uma delicia, que nos rodeia.

Sunday, January 04, 2009

Início de ano

Bem, hoje trago às linhas um desabafo que tanto tem de ignóbil como de animador. Durante muito tempo acreditei que a melhor forma de viver a vida era dar ouvidos aos impulsos. Acreditei que o poderia fazer porque, assim, "viver" seria algo de perturbadoramente inovador. Logo no início de 2009 me apercebo que foi o maior erro da minha vida ter acreditado que podemos sempre fazê-lo. Desejo que todos tenham o discernimento que eu não tive de ver para além do copo, que não se matem em justificações e que não acreditem que o tempo cura tudo: porque nada cura tudo. E assim, ouçam os vossos impulsos como murmúrios e só deixem que alguns se gritem em atitudes. Mais do que isso é uma triste descompensação que os outros, os que importam e não importam, a maior parte das vezes não merecem. E, como ela diz, "sabes, tu... terás sempre o doce esplendor de uma pessoa séria". E que 2009 me ensine a ser eu. Mais eu.