Saturday, December 29, 2007

The Doors

Pisa é isto! "People are Strange..."

Um bom encontro é de dois

Não te encontrei, há muito tempo que não te encontro. Há muito tempo que não chutamos a mesma pedra e há muito tempo que nem encontramos a mesma casa de camisa para podermos enfiar aquele botãozinho juntos. Olhei para ti, e não, não era para cruzarmos olhares, não houve expectativa nem medo, é uma natural futilidade que nem tive tempo de esconder. Apeteceu-me olhar para ti. E gostava de olhar mais, mesmo que quando tenha olhado não tenha visto nada. Sei que veria, mais tarde, com algum tempo e reflexão, porque afinal não esquecemos aquilo que de melhor nos aconteceu, em todos os sentidos. Não te acuso de me fazeres crescer, eu tenho as costas muito mais largas do que isso. Nem te acuso de nada, talvez com pena. "Tantas vezes te odiei com medo de te amar", ou quis. Gostava de me sentar na praia e ver-te à beira mar só para poder olhar-te e decifrar o que mudei, o que mudou, o que se encaixou no destino e se deixa correr. Quero, genuinamente, que sejas feliz. Só ainda não sei onde. Quero olhar para ti...


"Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais
Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who advices you
There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special people in the world
So many special people in the world
(...)
Now we're
Falling into the night
Um bom encontro é de dois"

Ode às mulheres!

"Gestos femininos bonitos sempre, a delicadeza com que as mulheres tocam nos objectos, a harmonia dos dedos: somos pesados e sem graça, nós os homens, ao pé delas. Pesados, brutos, canhestros: não possuímos seja o que for de ave ou de nuvem, a nossa carne é densa e gaguejante. Dá-me uma paz de eternidade ver uma mulher numa casa, o modo como o seu corpo habita o espaço, a forma como vestem, de si mesmas, os compartimentos, com um simples passo, um simples olhar. E depois uma espécie de inocência primordial, de leveza habitável: devo ter sido muito feliz na barriga da minha mãe, por dentro da sua voz, do seu sangue. (...) foram obrigados a puxar-me a ferros, não queria sair: como eu me compreendo. (...)"

António Lobo Antunes
Eu, às vezes

Voltei.

Fui e vim. Não sei o que devo aos lugares, já não sei o que devo realmente a quê. Dantes sabia, por vezes tenho a impressão estranha que dantes sabia muito mais coisas ou que era muito mais feliz na ignorância (a segunda podia mesmo adequar-se mais). Mas de qualquer forma quando leio o que escrevia antes penso mesmo que era muito mais sábia, muito mais segura e impertinente também. Agora... bem, agora tento evoluir. Sei lá. Tento. Penso mesmo que fiz um entorse no pensamento, bloqueei a razão e deixei-me andar.

Thursday, December 13, 2007

Ingenuidade

Disseram-me que já houve tempos em que ganharia o prémio da mais ingénua do lugar. Mudei, mudei muito, mas há sempre alturas em que acredito mais que as pessoas são realmente boas, que posso realmente ver só o seu lado doce e sereno. Isso não existe, daí as decepções, daí as constantes decepções. Não conheço verdadeiramente a maior parte das pessoas que vou encontrando e querer encontrar sempre nelas uma pessoa verdadeira é uma utopia. Eu vivo de utopias. As utopias podiam ser a minha casa. Elas não existem.

Monday, December 03, 2007

Tuesday, November 27, 2007

Discussão

Palavras. Palavras de uma perda, de uma tristeza vizinha de mim. Palavrinhas; palavrões. Silêncios, entremeados de uma mágoa sinistra, um desespero de uma felicidade que não passa e que, quando passa, passa no olhar do demasiado. Uma pequena poeira, um pequeno abraço, um grande sopro de norte que arrepia. E já não há palavras, a discussão cessou. Com ela cessa o vento e cessa o ardor. Uma pequena ligadura que tapa a ferida, que tapa o queimado. O sussurro quente de uma tatuagem que a dor deixou mas da qual ninguém se lembra mais. Mas ela fica, e fica, e fica... e vai ficando, a tatuagem, pequena, insegura, muitas vezes discreta. Engano: não se apaga mais.

Thursday, November 22, 2007

Jorge Palma - Encosta-te a Mim

E era assim que eu gostava do meu dia de anos: os amigos a chegar e, um por um, a darem-me os momentos que só com cada um tenho. Brilhante.

Wednesday, November 21, 2007

Fernando Pessoa inspira-me!

Existo. Sinceramente, existo mas nem sempre. Existo quando me quero, existo quando me quero querer. Ser ou existir, o pseudónimo que crio enquanto me olho do outro lado da janela, recrio o que gostava de ser quando não sou ou só existo. Tudo porque por vezes, realmente, apenas sei que acontece sentir, mas mesmo assim, avaliado com o peso do tempo, parece-me tudo pequenas ficções que eu criei e que criaram para mim. É verdade que deixo criarem, talvez. Deixo. Porque quero ser, percebes? Quero ser mas não sei se sempre sou. Mas fui. Às vezes fui.

[“Eu sou a sensação minha. Portanto, nem da minha própria existência estou certo”.]

Sunday, November 18, 2007

At...

Tenho sono mas tenho mais vontade de não dormir!

(Eu só sou mais eu quanto mais consigo ser... desculpa-me.)

"Há metafísica bastante em não pensar em nada!"

Há, realmente, como Ele diz, metafísica bastante em não pensar em nada. Tentar não pensar em nada é um exercício que só alguns experimentam, não pensar em nada poucos conseguem, não vá haver o grande facto de terem sempre factos pouco místicos, a vida, o seu carregar, em que pensar. Muitas vezes penso em nada, muitas vezes esse facto não é nada metafísico, muitas esse facto é-o, simplesmente, em mim.

Lembrança em Milão

"De repente, pauso no que penso
Escrever é preciso.
Viver não é preciso
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso,
tenho em mim todos os sonhos do mundo."- Fernando Pessoa

Wednesday, November 14, 2007

Eu

Quem sou eu que não um nós invertido? Um nós que tive com todos os seres que passaram na minha vida. Ou então não só os seres, porque os nós-seres é um de-menos. Talvez o "nós" com aquela estrada por onde passei que viu comigo as minhas solas gastas, ou aquele papel onde marrei para conseguir escrever, o seu cheiro como meu e os meus cabelos os seus fios quase invisíveis. Quem sou eu que não me descubro e por mais que passe o vento de norte me desperto sempre à minha porta que juro, a cada dia, não conhecer? Quem está perdido como eu, entre pensamentos de almas atribuladas, tédios reconhecidos em conversas de animos exaltados, beijos ardentes de lençóis só sonhados...? Quem é aquele que se auto-intitula ser, aquele que não está, que finge permanecer e acredita nesse fingimento que o engana, a ele e aos vis, aqueles que perpetuam o seu acreditar irreal. Ser eu, ser uma flor!, ser depende do ângulo. Quando estou a noventa graus, apenas aí, sou. Tudo o resto é assemelhar-me a qualquer outro que persegue um caminho até casa. Assemelho-me a qualquer outro tantas vezes, e nessas tantas vezes (e, quem engano eu?; noutras mais ainda) sou apenas um nome, eu e aquele vocativo estranho onde, por vezes, nem me reconheço. O melhor é que acredito poder ser, eventualmente, nesses momentos em que me questiono, apenas um tédio de mim.

("Moro no rés-do-chao do pensamento e ver a vida passar dá-me tédio")

Tuesday, November 13, 2007

Como dire? Diccendo... Nuno Judice

"Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados.
Depois, na rua,ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus, do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que,
sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação."

Monday, November 12, 2007

Ser

Estou aqui, perdida. Talvez, perdida de confusa, quem sabe. Não estou triste, quem sabe um pouco desiludida com a vida que me mostra mais encantos do que aqueles que mereço em cada passo que dou. Foi como uma dádiva, eu que engravidei dela, que me dei a ela, eu e ela, o mesmo organismo. Dou-me às verdades, elas também grávidas de mim, elas, mais do que secundárias, o que mais me orgulho de, às minhas custas, querer seguir e querer perscrutar. Parar para ouvir o teu coração. Parar. Ouvi-lo. Saber que calmamente bate por mim e que eu calmamente bato dentro de ti, um pulsar constante e arrependido que nasce com força. Ser eu, seres tu, não cabe aqui. Ou melhor, caberá aqui enquanto não couber em mais nenhuma parte do mundo. Tu cabes em mim mas eu não posso pertencer a lado algum, sou como uma cidadã de um mundo que não quer pertencer-lhe. Não me conheces. Ou conheces? Eu não me conheço e não posso dizer-te quem sou porque nunca sei embora esteja sempre a dizer que acho que sei ou que acho que quero saber sem querer... Gosto, de ti, de ser. Gosto de sermos. Seremos. Enfim.

Saturday, November 10, 2007

...

Sinto-me um alter ego de mim... não sei se é hoje que me destrato em ruas secundárias ou se sou eu que me desencaixo e me desidrato de mim. Não sei se me trato e engravido de vida aqui, se vigora em mim a força inalcansável do ser para lá do existir, para lá da alma que lavo em cada passo que dou. Sou eu, enfim.


O melhor deste erasmus são as noites que passo sem dormir e penso na minha vida, nos sentimentos que passam pela minha alma todos os dias, pelas amizades que me tocam e pelas saudades que me assolam de vez em quando... Obrigada!

Wednesday, November 07, 2007

Roma!


A isto se chama enriquecer em viagem... Pisando chão de mundos ou chãos do mundo!

Perdoa-me

Amar-te, perdoa-me, é percorrer o teu desidrato veloz. Pelos teus olhos sussurrar a estranha sensação de perda em cada instante. Pertencer-me-te, desejar ardentemente o perigo delicioso de um atropelo, de um aperto, de uma razão em precisão de ti e do suco da tua alma. Sugar-te naquele desespero que me deste quando me abriste a porta e rezaste para que a réstia de luz me levasse, em mim, para sempre, por mais que a tarde caísse e tu me pudesses desejar... uma única vez, a cada segundo.
Sussurro expressões tocadas. Sussurras-me; tocas-me?! Que intervalo é esse onde sondas o cheiro dos meus cabelos e o meu pescoço te racha o perfume da incapacidade de ser e esperar e apetecer e sonhar e beijar e... amar-te, perdoa-me. Opio-te. Mas senti-lo, primeiramente, foi inesperado e inintencionalmente forte.

Monday, November 05, 2007

Momentos!


Não há nada que goste mais do que guardar momentos... momentos em que nos escondemos da máquina, em que viramos a cara, mas em que estamos juntas, em que vamos construindo um degrau cada vez mais nosso... Brindes aos momentos, brindes a nós a preto e branco e a cores... brindes a nós! Obrigada a alguém por ter inventado a amizade, obrigada por ter posto na minha vida gente que reinventa.

Herman Hess - ele é que sabe!

"L'amore non bisogna implorarlo e nemmeno esigerlo. L'amore deve avere la forza di attingere la certezza in se stesso. Allora non sarà più transcinato ma transcinerà!"

"O amor não necessita de ser implorado nem mesmo exigido. O amor deve ter a força de atingir a certeza em si própria. Assim, não será arrastado mas arrastará!"

Olavo dix it

"Estou na merda funda!" LOL - 14 Out 2007

(nunca basta estar na merda, nunca basta estar fundo! ;))

Roma e Roma; Pessoas e Pessoas!

Entro no autocarro e torço o nariz. "Mas porquê?", dizem-me elas. E eu olho de soslaio para as senhoras que se sentam perto de mim. Em vão abro a janela mas aquele perfume a vida não me sai da entrada das narinas. "Não está fácil", perco a sensação de entranhar-me em Roma mas ela entranha-se tristemente em mim. Sempre descrevemos um ambiente com o que vemos, com o que nos transmitem as imagens que captamos. Destes minutos de suplício tirei a estranha sensação de que há um mar de gente afastado de mim, do meu cheiro a vida, de todas as minhas possibilidades de emanar um cheiro a vida agradável que tanta gente não tem o poder de deixar sentir.
Sento-me na Piazza di Spagna. Cabeças torneadas pelo sol, milhares delas. E eu ali quando passa alguém e levanto o nariz em aprovação. "Passou alguém por nós que cheirava tão bem...", embala-me. Que boas são as Romas e Romas...

Saturday, October 27, 2007

Mulheres com asas?

Às vezes na vida há alguém que se segura às nossas pestanas e nos obriga a ver. Pode nem nos conhecer, pode somente ser um ser presente e muitas vezes isso mesmo consegue ser mais forte. Passeei-me contigo e devia tê-lo feito mais vezes porque o teu abraço quente é mais puro e sincero do que tanta coisa que eu possa ter aqui. Só tenho de agradecer ao facto de ter aterrado aqui e ter crescido. A vida aqui não é tão distante assim da realidade: "some have flown away!" e voarão mais com certeza!

Wednesday, October 24, 2007

Os meus pés conseguem segurar a torre!


Uma tarde das mais belas que tive em Pisa... um licor de chocolate, um rebolar na relva, toques de amizade, estórias e estórias e os nossos pés... Se eles têm força para enfrentar o caminho porque não teriam para segurar a torre?!

Monday, October 22, 2007

Pisas...

Estar aqui até da gosto: uma pitada de pasta aqui, um gostinho a capuccino por ali, uma piazza que se abre do nada e um paladar sereno de uma vida diferente. Eis que a minha rotina muda, mas muda como nunca. Aqui os horàrios sao relativos e pegas na tua bicicleta e vais por ai olhando o fiume (para os menos entendidos fiume é rio, para os menos entendidos ainda, Pisa tem rio!), pensando na vida, olhando para as pessoas que rodeiam e que nao sabem que o teu olhar é efemero e vives. Na pacatez desta vida, vives muito mais, das-te muito mais, respiras muito mais. Sabes que a vida nao te foge e que amanha nao passaras nenhuma hora no transito nem ficaras em casa a noite agarrado a televisao. No maximo fico a noite agarrada as conversas que tenho na piazza ou aos capuccinos que fazemos na casa uns dos outros. Estou irremediavelmente agarrada a esta felicidade de piccolos momentos, agarrada a lingua italiana, agarrada a mim aqui e tenho a dizer sem duvidas que desde que aqui estou que sou muito melhor pessoa e que quando voltar para Lisboa ja renasci.
E o melhor, melhor mesmo, é ir para casa as quatro da manha de bicicleta, sozinha com a noite, e ver o céu mais bonito que ja vi em toda a minha vida. Vou ficar aqui para sempre a fotografar chineses na torre!


(Escrevi Pisas porque me deu uma sede de ser bambina outra vez e naquela altura tudo era dito no plural: primeiros, ultimos, ...)

Tuesday, October 16, 2007

Doi...

Sabes o que acho? Que o amor doi. Doi. E quando nao doi temos tendencia e deseja-lo menos e a deixa-lo ir. Algo de muito errado acontece agora com os seres pensantes: quando o desafio se desvanece, assim se desvanece o amor. Ora, o que é feito daquelas paixoes assolapadas em que se guerreira todos os dias pela flor na mesa de cabeceira ou as migalhas na cama? O que é feito do "o teu amor tira-me o ar" e um beijo lançado à janela? O que é feito de no's a brotarmos dos outros? Quando encontramos algo que naquele momento vale a pena, se naquele momento pensamos que podiamos ver aquelas estrelas para toda a vida, no momento seguinte tudo se pode desvanecer mas provar a eternidade é, para mim, mais do que suficiente. E so te disse "porque?" quando era sentido, quando sei que por mais que queira cegar-me, eu verei sempre mais longe.

(Oferece-me tua sede agora. Eu beber-te-ei mais tarde!)

Thursday, October 11, 2007

Depressão.

Depressiva?! Mas quem és tu? Prometes ficar, juras que vais. Pertences lá mas lá ninguém te pertence. Sabes bem que não tens nada a que te agarrar porque cortas demais as unhas e rois as dos outros, não vão eles gostar de ti. Aprendeste a destruir o que era teu por achares que nunca te havia pertencido. Abanar-te não chegaria. Chegaria? Onde encontraste esse quarto de alma que apregoas? Onde estás perfeita junção de experiências e porque não te sentas no colchão connosco e adormeces sem legendas? Seremos, sempre, a casa onde tornas... mas um dia não poderás aqui comer, não conseguirás aqui levantar o copo sem seres fielmente desamparada pela nossa indiferença. Pensa nisso... pensa nisso e esbofeteia-te a ti própria, já ninguém o pode fazer por ti.

Tutto Mondo!


Keith Haring, 1989, Pisa

Friday, October 05, 2007

Leva-me!

Leva-me o vento por estas ruas pisanas... Reconheço-me e desconheço-me e não mais me importa qualquer outra coisa que não a beleza intrinseca destes bocados de terra que me vê crescer. Há olhares que emanam de mim, que emanam deles, que me emanam e nos emanam por aqui juntos, como se tudo fosse uma pequena contradição perfeita que me agrada, e me acalma com ardor. Acelerou a minha calma... Olha-me com a cumplicidade profunda de um sorriso carinhoso... e todos os dias sou mais serenamente feliz, em mim.

Wednesday, October 03, 2007

Bello...

Eu tinha escrito qualquer coisa realmente sentida mas apagou-se e... bem, as palavras que usamos nunca são as mesmas, o sentimento irrepetivel... por isso desencaixo as palavras e deixo-as ir, de dentro de mim para lado nenhum e é como se nada tivesse a dizer. Amo de paixão estar aqui e embora me sinta longe estas ruas abraçam-me com a força do abraço de casa.

Tuesday, October 02, 2007

Memorando

Nao tenho podido escrever mas quero dizer que sono in Italia, in Pisa, e sono felice :)

(e tive 14 a Medicina Legal e 156 em 232 no exame de Italiano!!!)

Thursday, September 20, 2007

Italia

Aqui estou eu, parece que cheguei do mundo encantado! Volto e prometo manter conversações com este mundo da escrita do qual não me desligo e que me constroi. Estou em Itália, país bellissimo, em Pisa, uma pequena citadela que é muito mais do que a torre... Como disse alguém: "época de crescimento enquanto ser humano". Já comecei. Comecei ainda antes, quando passeava pela europa de mochila às costas, acompanhada de umas das melhores, de comboio em comboio... mas agora sei que a minha vida está em mutação. Eu estou em mutação. E sei, sinto-o mais do que nunca, que para melhor. Acreditem, não construi nenhuma barreira, apenas aprendi com o passado e arrumei-o naquela estante do alarme, que soa de vez em quanto e me reensina. E agora viro-me de caras ao futuro, onde encontramos antigos amigos que nos dizem: "agora sim, és uma mulher!", onde me sento na Piazza Garibaldi e tenho uma conversa deliciosa sobre literatura e filosofia e onde olho no fundo de uns olhos bem abertos ao mundo e sei que ha amizades que se vão construir e durar para sempre. São boas as químicas que encontro pelo mundo e que encontro aqui. Aqui me construo ou reconstruo. E gosto de ouvir: "conheço o encanto mas ela tem muito mais!""Eu sei, eu sei!".

E depois do desabafo vou voltar a escrever com se habituaram a ler-me. Beijos de regresso.

Thursday, August 02, 2007

www.enospelomundo.blogspot.com

E vou partir... Pela Europa, com duas amigas, amigas daquelas :)
Boas férias, eu, eu vou por aí!

Nádia

Tuesday, July 17, 2007

Simplesmente perfeito!



E mais virão... Eu, a Áustria, os meus amigos... a conjugação de factores chega a doer! Foi lindo... quero voltar!

Monday, June 25, 2007

Ih ih

Hoje o homem da minha vida faz seis aninhos!

Parabéns :)

Wednesday, June 20, 2007

Um dia tinha de ser...

Caso-me com o primeiro homem que me conseguir fazer sentir assim...

"Taught me about the kind of person I wanna be"... "I owe it all to you!"

Sonhos

Hoje sonhei contigo. Sonhei que me sufocavas contra o peito e te esquecias das palavras. Envolvias-me, sugavas-me; uma excitação que vinha do âmago da tua alma, o teu corpo que respirava por mim. As tuas palavras suavam o meu rosto e o entardecer empalidecia a minha alma. Entregue, enrolada, sonegada. Um terno suave suspiro. E eu, caída entre os teus braços, como quem morre, como quem morre de felicidade.

["What kind of woman is in the house tonight?"]

Em pensamento, a caminho





Porquê Oceano Pacífico?

Sunday, June 17, 2007

Sucessão contratual

Apaixonei-me pelos pactos sucessórios. É verdade, é estranho, é estranha a possibilidade, mas é verdade. Até me apaixonei pelo relictum menos o donatum posterior (o donatum posterior então, mata-me) e pela discussão doutrinária sobre o passivo. Apaixonei-me, assim, apareceu subtilmente. O problema é que sei que amanhã, quando chegar ao exame, vou olhá-lo nos olhos e pensar: "cabrão, até tu me trais!"

Versos

Aí me encontro,
meu amor!
Dos nódulos dos meus profícuos gestos
Nascem os nós dos teus dedos.
Insalubres e ténues,
Danças entre as agulhas que encerrei
Nos olhos que nunca beijei
Deixas-me desarmada.

Mas perco-me!
Perco-me de mim,
salutar, talvez altiva,
minto-me sem tréguas.
É aí que desço a calçada,
que encontro o som das pedras,
enamorada.
E me esqueço de ti.

Sunday, June 10, 2007

Italiano

É bom percorrer os recantos de outra língua. É como se nos descobrissemos cantando palavras, e até encontrando seres que as cantam connosco e que, melhor, nos fazem rir. É assim que passo os meus sábados, conhecendo esta língua inimaginavelmente bela e colorida. Risadas doces por entre exercícios e novas aprendizagens. Bom, muito bom!

"Gonçalo è libero, libero che doi " lol

Sinto falta

Sinto falta das canecas transparentes do campismo, aquelas que se aninhavam, quentes, nas nossas mãos e nos cercavam como o barulho refugiado das cigarras da terra húmida. Sinto falta das peças de teatro na casa de banho da casa da avó, palco junto à banheira e florzinhas verdes dos azulejos como espectadores atentos e interessados. Sinto falta da alcatifa da casa da tia, quando o tio Zé contava estórias e o rui cantava indecifráveis melodias. Sinto falta de pisar uvas, sentir o suco fluir pelos canais das nossas narinas e atingir o cérebro que fazia a boca cantar sem querer. Sinto falta de te agarrares ao meu joelho nas alturas, enquanto tudo tremia e abrias os olhos de um medo que só me segredavas a mim. Sinto falta de correr convosco para o parque infantil, de tropeçar, de cair, de me levantar sem dar por nada, olhando o fim como a melhor meta, como se fosse o último momento da minha vida e, ainda assim, me fizesse feliz. Faz-me falta...

Wednesday, May 30, 2007

Eis que chega a hora

"Meu querido,

Ainda me lembro a primeira vez que olhaste para mim. A primeira vez que olhaste a ver, a ver mesmo. Olhar descomprometido que depressa se tornou comprometido, meio tímido, admirado, ciente da dúvida que eras tu, que era eu, que se transformou em nós. Foste vagueando pelas minhas palavras e pelo meu amor encrespado, perdido nos enlaces que criámos à nossa volta, à volta dos nossos abraços, aqueles, dulcíssimos. Não antevias tudo isto quando me chamaste miúda.
Vimos as estrelas num céu perto e a lua num céu distante do Guincho, sempre nos entrelaçámos com mãos de tamanhos tão diferentes como a distância e semelhança que percorriamos em sorrisos. Pontos inequívocos que nos uniam por entre uma amizade apaixonada que sorria por entre a confusão emaranhada da nossa vida.
Ser feliz era rever-te nesse sopro sussurrado no meu umbigo, nesses olhos de brilho e no sorriso que fazias, aquele único, em que só contrais metade do lábio. Um beijo; um beijo e um soluço, um tesouro, portas e portas, travessas e sim. E parecia que até te tinha reencontrado, visto um novo primeiro olhar. Levei-o para todo lado (acreditares é um pormenor desinteressante), para dentro da caixinha fechada que encontrei em mim, que sempre tentaste abrir. Foi aquele amor discreto que preferias que eu tivesse gritado ao mundo, mas eu nunca o fiz.
E agora, tal como os grandes Homens, é tempo de voltar a casa. É tempo do retorno, altura em que volto a mim mesma e me entrego ao que me tornei sem passar por este reflexo de alma onde me criaste. E digo-te adeus. Adeus ao meu gato, meu mel e meu coelho, lapa e bezugo, adeus à minha gargalhada, amor, ao meu chão, minha pedra da calçada, meu chiado. Quando queremos esquecer, esquecer verdadeiramente, apagamos vestígios. Varri-os ontem do varandim e do sol desse monte. E aqui os apago, as mágoas de mim que deixei nesta linha ténue de silêncio que criámos entre nós, que agora nos cobre, e percebi nunca mais se romper. É assim que morre a eterna busca pela eternidade. Assim morremos tu e eu num silêncio que tem pouco de nosso, entre o ressentimento e a mágoa que nos cegam e nos afastam. Morreu; adeus."

Friday, May 25, 2007

Informação

Queria informar os atentos leitores do meu blog que não tive nenhum colapso, nem perdi a inspiração nem nada do género... Não escrevo há um mês por problemas no servidor mas eu voltarei, prometo.

N.

Saturday, April 21, 2007

Souls of rastaman

Podia ter simplesmente abanado a anca como ela disse, podiamos simplesmente ter pensado em Bagdad e nos onzes de setembro (que gargalhada...), mas pensei que o som fluia dentro de mim, que entrava suavemente pelas minhas narinas até à minha alma, levitei, enfim. O meu corpo descontrolado entre pausas e gritos nortenhos e eu ali, fechando os olhos ao aroma doce daquela música. E ele tinha aparelho, ele tinha rastas, e a doçura de olhares encaixava-se, entrava no ambiente e não fazia mal... bem, noites assim só de improviso, convosco, entre uma conversa e um suspiro.

Souls of fire em Cascais... gosto, muito!

Wednesday, April 18, 2007

Hmmm...

Hoje ia no carro e pus a cabeça e o tronco de fora para sentir o vento neste tempo quente de Verão. Deixei o cabelo esvoaçar, quase como num filme e senti aquele cheiro doce de maresia da linha. Quando voltei a pôr a cabeça dentro do carro pensei que de todas as sensações olfativas da minha vida, a melhor sentia-a quando punha as mãos no teu peito nu, encostava o nariz e te respirava. Quero...

Sunday, April 15, 2007

Impossible is nothing (?)

Quando eu era pequena sonhava em ser actriz de teatro.
Hoje estudo Direito.

Onde começas não é necessariamente onde acabas.

(choro compulsivo... =P)

Saturday, April 14, 2007

If the sun does shine... one day!

Sento-me aqui sem saber bem o que perdi e o que ganhei... Imagino como o mundo pode ser tão gélido, como posso sentir frio aqui neste canto, em espera, em espera prolongada pelo tempo, aquele em que pode ser e não ser mas é indefinido o meu ser lá ao longe. Espero que ele me dê a mão e me leve, um dia, para poder olhá-lo e sorrir. Aquele único sorriso indescritível.

Waiting on an angel
One to carry me home
Hope you come to see me somewhere
'Cause I don't wanna go alone, I don't wanna go all alone...

(...)

And I'm waiting on an angel,
And I know it won't be long.
To find myself a resting place
In my angel's arms, my angel's arms...

So speak kind to a stranger, 'cause you'll never know...
It just might be an angel come
Knocking at your door, oh, knocking at your door...

(Ben Harper, o meu)

Wednesday, April 11, 2007

Nós

Ensinei-o a tocar-me. Mais ou menos como um instrumento, como uma arpa, como se os seus dedos fossem pétalas, como se a minha pele fosse cristal. Ensinou-me a tocá-lo. Como um saxofone. Sopro forte e profundo, sem vacilos, entre instantes provocantes e crises de loucura prolongada. Eramos nós. O "nós" dos estranhos, o "nós" das paisagens solarentas e das estrelas do meu céu. Nós...

[perdida de confusa, confusa de estupidificada... "She's so unusual, She's not so usual, She's not so you, not so"]

Conversas

Ele: Panda Bear?!
Eu: Not at all!
Ele: Frou Frou?!
Eu: Nop.
Ele: CSS?
Eu: Hmm... não!
Ele: Miles?
Eu: Agora não.
Ele: Jason Mraz?
Eu: Nnnnão...
Ele: Dave Mathews?!
Eu: Hmmm... E consegues pô-lo a cantar aos pés da minha cama?
Ele: A noite toda!
Eu: Deal!
Nós: ...
Ele: Porque fechas os olhos?
Eu: Estou só a tentar ignorar o facto de seres perfeito.

Sunday, April 08, 2007

Pena

Tenho pena que não me leias, que já não me leias as entranhas profundas, mesmo que outrora profanadas, agora estabelecidas em inocência e ternura. Tenho pena que não me agarres pela cintura, que não me apertes, que não me tires o fôlego, que não me mintas aos ouvidos enquanto me tapavas os olhos e me deixavas tropeçar (mas pouco). Tenho pena que não me deites cuidadosamente na tua cama, uma mão na minha cabeça a amparar a minha queda, a afagar os meus cabelos. Já não te enrolas em mim, na compreensão dos meus movimentos, na perfeição do nosso ritual, na vida imperfeita por entre os risos completos... Mesmo assim, fazendo-te feliz, já vale a pena.

Wednesday, March 28, 2007

Music is my imaginary friend!

Decidi-me hoje... Vamos lá R., vai ser bombá-las!

"Music is my beach house,
Music is my hometown,
Music is my king size bed!"

(Music is my hot hot sex, CSS)

Tuesday, March 27, 2007

Jason Mraz - I'm Yours

Lembras-te quando eu não acreditava na eternidade, quando a vida só se queria serena, quando a aventura era um passo a medo? Mudei! Outras coisas deixo-as comigo, no melhor de mim, para sempre...

[esta musica também é para ti, minha companheira de serenatas, aquela que as merece também, muito!]

Sunday, March 25, 2007

Palavras

Descobri as palavras que mais gosto. Gosto de palavras como "delicioso", "amistoso", "maravilhoso" e mais uma data de palavras acabadas em "oso" que dão aos nossos lábios uma sensação adocicada de ternura. São palavras gulosas, que envolvem a nossa fala em miracolosas sensações. Adoro palavras, mesmo quando não são suficientes.

Wednesday, March 21, 2007

"My love"

Olho para a frente e vejo uma multidão. Expectante, consigo ouvir-lhes os corações. Sorrio. O meu papel é sorrir, não olhar para os pés mas fazê-los mexer a uma velocidade estonteante, não quebrar o tempo mas quebrar as suas barreiras, fazer-me feliz num movimento. E são os aplausos finais que cantam um hino perfeito, me abraçam, e só penso em voltar. Saudades...

[por todas vocês que todos os dias se ritmam naquele chão verde e sentem a minha falta!]

Sunday, March 18, 2007

Mnham mnham...

"Coragem! Coragem, marinheiro!
Endurece o teu coração, semi-deus!
Da espuma da tua morte no mar -
ergue-se verticalmente a tua apoteose."

Moby Dick

[Para mim; porque há que repetir noites como essas, noites em que a memória se adoça e a presença se indiferência]

Saturday, March 17, 2007

Destino

Não me diagonesticaram à nascença este problema cego de interpretar palavras para lá da junção racional de letras. Provavelmente, no momento da palmada, o médico deveria ter batido com mais força ou ter percorrido melhor o meu choro estonteante para delinear o meu destino. Que perda. Podia ter sido mais uma pregadora da prática e da constatação mas não sou, perdeu-se uma cientista. Aquilo que é mais importante é aquilo que sentimos, mesmo que a forma de expressar não seja a mais adequada. É sempre bom lembrar que a adequação depende dos olhos que a contemplam, se bem que nesta área há padrões que nem mesmo eu consigo ostracisar. Ora, o que eu gostava é que o mundo começasse a preocupar-se mais com emoções e menos com factos. Mas talvez esta conversa seja inútil: desde quando é que eu faço doutrina?!

Grandes noites, grandes amigas

Porque as melhores serenatas são as inesperadas, aqui têm:

There’s still a little bit of your taste in my mouth
There’s still a little bit of you laced with my doubt
It’s still a little hard to say what's going on
There’s still a little bit of your ghost, your witness
There’s still a little bit of your face I haven't kissed
You step a little closer each day
Still I can't say what's going on

Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life taught me to die
So it's not hard to fall
When you float like a cannonball

There’s still a little bit of your song in my ear
There’s still a little bit of your words I long to hear
You step a little closer to me
So close that I can't see what's going on

Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life taught me to die
So it's not hard to fall
When you float like a cannon
Stones taught me to fly
Love taught me to cry
So come on courage
Teach me to be shy
'cause it's not hard to fall
And I don't wanna scare her
It’s not hard to fall
And I don't wanna lose
It’s not hard to grow
When you know that you just don't know…

Thursday, March 08, 2007

Caminhadas principescas

Nem sempre as coisas têm de correr como queremos ou entram na nossa vida de forma impecável e não ameaçadora. Todos os dias confrontados com pessoas que deixámos de conhecer, com realidades externas, adversas, infelizes. É aí que entra a importância da atitude: dela depende a nossa sobrevivência diária, dela depende que nos permitamos ser felizes. Novos caminhos, novos olhares ao espelho
(não imaginas o que é sentirmo-nos assim tão...)
novos cortes de cabelo, novos patamares, novas calçadas e sóis refletindo o azul claro dos prédios de Lisboa. E amanhã? Bem, amanhã vemo-los cair sobre o rio e sobre a cidade.

"I know it sounds funny but I just can't stand the pain... Girl, I'm leaving you tomorrow"
Ah, esqueci-me:

"Estou numa árvore com um homem que fala macaquês... isto não podia ficar pior... obviamente, pode!"

Meio irmã, meio mãe

Hoje o A. pediu para ver o Tarzan. Pensei que os miúdos de hoje já não quisessem ver VHS's quando têm um novo mundo de DVD's à sua espera. No entanto, ele gosta do barulho da cassete a rebobinar e da televisão mais pequena do escritório. Ele pertence a outra geração mas tem uma parte da nossa. Se um dia tiver um filho quero que ele imite as falas do Tarzan e da Jane e que se ria sozinho em frente à televisão como ele faz.

Monday, March 05, 2007

Acho eu...

Se amarmos mesmo, com o coração, com os sentidos, com o corpo, com os lábios trocados e as palavras... é eterno!

Sunday, March 04, 2007

Músicas III

[desculpem a vontade vociferante de passar por aqui hoje...]
Depois de tanto tempo passado de ter visto Chico Buarque a uns metros de mim, tenho vontade de elogiar o grande compositor... A verdade é que há uma letra que quando cantada por Alcione e Maria Bethânia, me faz estremecer e me impede de ouvir qualquer outra coisa logo de seguida... Para vocês, O meu amor, a letra... Experimentem a sensação de a ouvir cantada por elas...
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa.
Perfeito, quase se sente...

Músicas II

A verdade é que tal coisa acontece-me várias vezes, parece que me re-visito, de fora, me encontro aqui. Lembro-me de como aquele som ecoava naquelas paredes e em dias de eternidade lá nos sentimos nós a viajar por uma dimensão diferente enquanto o Someone like you toca. Ficava-lhe bem... A música ecoava e dava à casa uma dimensão especial, tudo extra-sensorial mas ao mesmo tempo muito tocado, muito sorrido. Músicas...

Músicas

Ela enviou-me uma música. Cannonball. Ouvi-a enquanto pintava uma moldura, com calma e com um pesar pensativo. Fiz-me lembrar aquelas mulheres apaixonantes ou apaixonadas (ou simplesmente à procura de algo) que aparecem nas novelas, sentadas numa sala, ocupadas com algo mas com o pensamento distante. Podia ter feito da minha vida uma novela...

[obrigada! :)]

Monday, February 26, 2007

Don't...

I would like you to look at me while I'm smiling and tell me I'm unphotographable.

Don't blame it on my heart, blame it on my youth...

Sunday, February 25, 2007

Viver-me...

... É ver-te nas amarras laças do sono
É ver-te nas traças perigosas do engano
É sonhar-te aqui.

Saturday, February 24, 2007

Para quem vai escrever

Conseguiu dizer o que por vezes penso, falou de se olhar ao espelho, falou da gana de conhecer a génese da própria criação, falou da sua vontade de escrever e da sua incessante necessidade de se reconhecer enquanto escritor e de não querer mudar esse quadro que dura desde os oito anos, dura de certeza desde que nasceu. Como me dura a mim. E deu-me uma lição:~

O bloqueio do artista? Não acredito nisso: os bloqueios, que são constantes, solucionam-se marrando contra o papel, mesmo que não se obtenham resultados, até os resultados virem. Acabam por vir, é uma questão de teimosia e paciência. (...) de tempos a tempos vem a necessidade de recapitular. E uma conversa deste género talvez possa ser útil a quem nasceu com a mesma sina: sob certos aspectos os escritores são monotonamente iguais. E esses que nasceram com a mesma sina compreenderão porque não se acham sozinhos: anda por aí, a maior parte das vezes sei lá onde, uma criatura com as perplexidades, os entusiasmos e os desesperos que lhes pertencem. E esta partilha de um fado alivia. (...) Depois cada um morre no seu canto e deixou de ter importância, a morte, porque algo de vivo ficou, uma espécie de luzinha que não se extingue jamais.

António Lobo Antunes

E, ainda parafraseando-o, (escrever) Não é, não sei como dizer, não é um trabalho de inocência (qual trabalho de inocência) é um trabalho de oficina. Fico todo dentro da coisa, a mexer nela. Acordo com ela, deito-me com ela, passo o dia inteiro com ela, ela e eu (é dificil exprimir isto) somos o mesmo organismo, não parte um do outro, o mesmo organismo.

Thursday, February 22, 2007

Demasiadamente euforica e cansada para escrever... mas não desisti, estou aqui! Voltarei mudada, é a melhor mudança da minha vida que me define e é definitivamente o ponto de viragem! Até já!

Tuesday, February 13, 2007

Convido a ouvir...

... Mushaboom (Feist)
... Crying won't help you now (Ben Harper)
... Small song (Lhasa)
... Quase perfeito (Dona Maria)
... Breathe in (Frou Frou)
... Estranha forma de vida (Sam the kid)
... Devil take my soul (Son of Dave)
... Keep you kimi (Yukimi Nagano)
... Love of my life (Santana with Dave Mattews Band)
... It's good to be in love (Frou Frou)
... Keep on hoping (Raul Midon & Jason Mraz)
Enjoy!

Friday, February 09, 2007

As maiores!

Uma litrosa, um cigarrito, bela conversa, belo limpar de alma, belas amigas... as maiores :)

"Não vou dizer que não, que não te quero mais... mas já não há razão para seguir por onde vais"... Ah pois é Lu, cê sabi!!

De recordar a entrada no estabelecimento comercial, ar fino, pagar a jola lol

Coldplay - Fix you

E puff... faz sentido...

Tuesday, February 06, 2007

De repente...


De repente estou a caminho, de repente auto-avalio-me pela auto-estrada, de repente fico exausta entre cordas, de repente como uma francezinha, de repente desço à praia, de repente bebo ginja num copo de chocolate...

E nas entrelinhas do de repente tenho sensações perfeitas, laços de união unívoca que agradeço a vocês, como agradeço ao Universo o pôr do sol da super tubos!!

(Ana, Luis, Cláudia, me, Cat e Rita, a fotografa eheh)

Sunday, January 28, 2007

Little bit happier

Sometimes in life, you are not taking all the chances... or maybe you’re just ignoring them, like if you’re blind. You never take that risk, you’re afraid to ever take off that part of you that confuse people… and yourself. Pretending it’s not there is not a solution; it’s a hide and sick game that may last forever. If you just try to catch a new way you’ll be always happy. Or just a little bit. But it’s worth it.

Saturday, January 27, 2007

"It´s our night!"

by Miles Davis
"I think people like to hear the music and think what they wanna think. But when you play like we play you can think whatever you want. Or you can just relax."
"The media fucked up everybody, you know? You can´t do anything anywhere. No more jam sessions and charing musical ideas (...) Try to play like we do and have it there so you can touch it everytime. Or a little bit."
"I don't like a perfect sound"
"You put that extra thing on every note. You just don't... you just do it like... it has to be important to you, or a melody, you know, you have to treat it like you don't waste any phrases"
"It took me three years to get to the sound again. Some days I'd feel lousy but it came back"
"You see kids like these... (...) they play in between the beat (...) But it's in them, you know, they don't label it"
"When you play against the orchestra you play over (...) It's always a melody between a melody. You just go on and on"
"I don't have that many friends because I don't know what to say to them if I had a lot of friends, you know?"
"If you can't put something in, why get out? Why get in it?"
"I never had any like "I wanna be famous". I didn't have that. I always wanted to be able to be around the musicians that were the best at what they did and to be accepted, you know? And the more you do that, the more you learn. I don't care what the people think. Well, you know, I'm giving, all the time!"

Thursday, January 25, 2007

Mais perto

E quanto tudo falha, quando olho para os teus olhos, aquela fotografia junto de tantas outras, "com saudade", quando me ajoelho em frente do inevitavel, quando sei que já deveria ter vindo aqui para declarar que não estás, que não estarás mais, quando o que te deixo é uma rosa branca e memórias felizes... há alguém que me abraça e diz que está tudo bem, que cada um, a sua ilha, sabe o que faz, porque faz... não quero saber os teus porquês mas encontrei uma nova casa, aí nessa vista para o futuro onde te sinto mais perto...

[obrigada J.só, por teres lá estado, obrigada M. por teres ajudado a ultrapassar, obrigada R. por me teres feito rir: fllirt que é bom...]

Tuesday, January 23, 2007

Amor-te

Olhou-me com a imensidão do mar e pegou na prancha. Navegou-me o dia todo entre lençóis brancos e cobertas encharcadas de risos profanos, por entre os dentes brancos, o esmalte dos amantes. Cocegas por entre as nuvens do sonho, beijos por entre os poros do meu ventre. Bebeste-me por entre as folhas das minhas frases, as virgulas e os meus pontos. Ambos na clara certeza de um paladar misteriosamente sincero, habilmente desconsiderado. Sugaste o meu ar entre os meus cabelos, sugaste-me por entre o teu despertar. Amor-te (e só podia ser eu, "és meu"...).

Friday, January 19, 2007

Congresso solitário

Um dia em Belém. Quando aquela água do Tejo suavemente se junta ao monumento. Pensar em tudo e em nada, ou pensar em nada com tudo ou em tudo com nada. Talvez mais a última... Quando nos auto-avaliamos tornamo-nos mais seguros e melhores. Doi, tudo dói. Mas sabemo-nos muito longe da realidade que fomos. Depois é só esquecer...

"Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo
Querela de aves, pios, escarceu.
Ainda palpitante voa num beijo
Donde teria vindo? (não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandato de captura ou de despejo?"
- Alexandre O'Neil

Monday, January 15, 2007

Há quem saiba...

"Já perdoei erros quase imperdoáveis,
Tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas
quando nunca pensava decepcionar-me,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei para proteger.
Já dei gargalhadas quando não podia.
(...)
Já fui amado e não soube amar.
(...)
Já chorei a ouvir música e a ver fotografias.
Já liguei só para ouvir uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que ia morrer de tantas saudades.
Já tive medo de perder alguém especial
(e acabei por perder!).
Mas sobrevivi.
(...)
A vida é muito para ser insignificante!"

Charles Chaplin

Sunday, January 14, 2007

Poder?!

Olhava para o lado de lá da janela enquanto ele falava... Um monólogo, ele seria o único a decifrar as suas próprias palavras. Decidi sair e virar-lhe as costas, mesmo sentindo-me impotente perante uma ruptura, mesmo sentindo que ninguém tem o poder suficiente para ser feliz e, no caso específico do amor, não há feminismos, machismos ou que tais que se sobreponham ao ideal de felicidade. Saí para a rua, pés na estrada. A rua repleta de seres desinteressantes por si só, almas abandonadas ao dia. Ouvi-a palestrar sobre mulheres. As mulheres. A sua relevância na música e na vida. Chicks on speed, ouviam intercaladamente, girls monster... Algumas, a nata do pós-punk... outras dispensáveis, acrescentei num sussuro. As mulheres e os homens não são nada perante o fruto do disperso sentimento. Vi-o sair também; Olhar para mim, dar aquela sensação de que não me queria deixar partir. Virei-lhe as costas e caminhei na direcção do sol. Sem rumos, sem rumo... Palavras eclodiam enquanto momentos se espalhavam pelo rastejar do meu cérebro e enquanto ele gritava o nosso poema, o nosso Jorge Amado, "Também de meu amor precisas para ser feliz, desse amor de impurezas, errado e torto, devasso e ardente, que te faz sofrer." Enfureci-me e cerrei os punhos. Mas não me virei. Parei para me conseguir concentrar no peso da minha fúria e na subtileza da sua razão. Segui.
Anos depois, após a minha luta desenfreada pelo conhecimento dos caminhos do mundo, encontrava-me na mesma rua, no mesmo local onde podia até sentir o calor onde deixei a minha raiva. Pensei no histerismo e graça dos jovens a que se refere Mafalda Ivo Cruz, uma projecção de nós próprios. E ali estava eu, projectada no desconhecimento de mim própria e do suor do mundo, enfurecido pelos brindes não feitos, pelas garrafas de Bordeaux não bebidas, pelos mundos não girados, pelos amores contornados... Ali estava eu entre almas na certeza de que o mundo tem as nossas casas, lacunas inegáveis, mas locais onde voltar é o mais perfeito e singelo reencontro.

Wednesday, January 10, 2007

Marvin Gaye no seu melhor...


Listen baby,
Ain't no mountain high
Ain't no valley low,
Ain't no river wide enough baby,

If you need me call me,
No matter where you are,
no matter how far

Don't worry baby.
Just call my name,
I'll be there in a hurry
You don't have to worry
'cause baby there

Ain't no mountain high enough
Ain't no valley low enough,
Ain't no river wide enough
To keep me from getting to you babe

Remember the day
When i set you free
I told you you could always count on me darlyn.
From that day on
I made a vow
I'll be there when you want me
Someway, somehow
'cause baby there

Ain't no mountain high enough
Ain't no valley low enough
Ain't no river wide enough
To keep me from getting to you babe

Oh no darling
No wind, no rain
All winter's cold
Can't stop me babe
Cause you are my goal

Oh baby
If you're ever in trouble
I'll be there on the double
Just sing for me

Oh baby...


My love is alive

Way down in my heart

Although we are miles apart


If you ever need a helping hand

I'll be there on the double

Just as fast as I can


'cause baby there
Ain't no mountain high enough
Ain't no valley low enough,
Ain't no river wide enough
To keep me from getting to you babe...

[Amor incontornável, amor adiável...]

Afonso

Hoje sou feliz; descobri a melhor sensação do mundo. Observá-lo, em toda a sua pureza, como um cândido anjo adormecido (mesmo que não o seja acordado), dar-lhe uma festa suave na cara, cheirar-lhe na bochecha o odor a brincadeira e saber que a vida com sabor, a de cada um, começa onde cada criança acorda mas ainda mais onde cada criança adormece. Bons sonhos...

[ao meu irmão, aquele de quem sinto mais saudades quando estou longe, aquele que amo mais do que tudo, aquele que me abraça e diz: "oh mana, não fiques triste, está bem?" E eu sei que aquela sensação de doçura perfeita existe para sempre... Estavas enganado Miguel Sousa Tavares, a eternidade nestas coisas também existe... E agora, enquanto ele dorme no seu mundo cor de rosa (ou azul, ou outra qualquer, "as meninas é que só têm cor de rosa, os meninos têm todas as cores"), eu fecho os olhos e sei que o beijo que lhe envio o marca: a pessoa mais importante da minha vida!]

Monday, January 08, 2007

aka, Mestre Banana

"Todos não! Só se queixou quem se sentiu prejudicado!"
A responsável pelos transportes colectivos do Porto.

Muito obrigada, de certeza que o Monsieur Lapalisse não se tinha lembrado dessa...

Luxemburgo

Jogging; jogging matinal. Pelos corredores refrescados de Luxemburgo. Como sonhámos, como planeámos, para um dia... Deixava-te em casa, naquela que em parcos dias teríamos transformado em nossa, com ávidas aventuras e mensagens ternurentas. Corria. Só eu e o meu suor, os meus passos alinhados, o meu ritmo cardíaco acelerado. De vez em quando fechava os olhos e não pensava em nada. Só eu e o meu corpo, sem alma, deixara-a em casa pregada a ti, ainda sonolento com o rosto na minha almofada para te entranhares no meu cheiro. Só tinhas perguntado onde ia e com um beijo na testa respondi-te "por aí". Voltaste a adormecer. Posso dizer que foi a imagem que tive no meu pensamento enquanto em nada pensava, enquanto as minhas narinas se enregelavam com o orvalho da manhã. O ar gélido a entrar, aquela estranha sensação de já não ser eu mas um canal invadido pela quase-madrugada, como se eu fosse o ar e o ar fosse eu, o meu ser, corpo. Nunca gostei de correr sem motivo, tu sabes!, mas corria para ti e para o mundo todo que me davas mesmo adormecido, por entre caminhos nos quais não pensava, por entre alcatrão que queria por força desconhecer. Só eu. Por aí.

Sunday, January 07, 2007

Coma de Alma

De manhã. Acorda-se com aquela sensação mole de querer permanecer na cama, só mais um bocadinho. Nada envolve o cheiro a hortelã, nem a hortelã que puseste no meu chá. Enferma, eu sei. Passas-me a mão pela testa e eu já nem me queixo, como antigamente: "não mexas na minha franja". Para mim é como se não tivesses voltado, como se ainda estivesse sozinha, sem nada, perdição. Para mim ainda vejo aquelas empregadas de touca verde e não estes enfermeiros cor de tecto. Porque sou mais uma nuvem em dias de sol, vou e volto de um coma de alma, sem questionar, sem querer que me questionem. É o ambiente unívoco de dor. Não contesto. E tento perguntar-te quando te banhaste tão intensamente em pleonasmos mas nem a voz me sai. Fecho os olhos com força, como se esperasse que a pálpebra me desse um pesadelo em vez de uma bruta realidade. Deixo-me antes adormecer. De certeza que amanhã, mesmo uma nova amanhã, amanhecerá melhor.

Friday, January 05, 2007

Era amor...

Encontrava-se descalça na praia, a areia por entre os dedos frios de Inverno. De vez em quando fazia aquele sorriso de quem se lembra de algo doce; de vez em quando auto-abraçava-se como que a proteger-se do frio, ou do resto, ou... indiferente. Meditava sobre as coisas simples e felizes, aquelas das quais falam poemas, textos, reflexões, ... Fugir da água quando se aproximava demais, o ondular da maré, sensações, cócegas, aninhanços, palavras, bilhetes sorrateiros, sorrisos desconfiados, fotografias (aquele momento imperfeito da pausa, como se o Mundo inteiro parasse para se auto-retratar), rituais de aconchego perfeito, riscas laranja no horizonte, nuvens cor de rosa, o corar insimulável, ... Começou a acelerar o passo, uns segundos mais tarde corria, descalça, já na estrada, o alcatrão sujo que nem sentia queimar-lhe os pés, corria... Só parou quando chegou à sua porta. Sentiu a sua palpitação descontrolada, ajeitou o vestido e mesmo assim, despenteada e de sapatos na mão bateu-lhe à porta. Ele abriu; e não parecia nada surpreendido. Tinha-a sentido, mesmo do outro lado da madeira da porta. Não houve uma única palavra. O silêncio doía, corroía o tempo. E sem uma palavra, com um mero olhar de desespero partilhado, sucumbiram ao reprimido mas permitido desejo. Permitido por eles, em cada passo distante. A repressão sempre tinha vindo de fora, de um mundo selvaticamente recolhido em si só. E entregaram-se em plena comunhão e mudez. No fim (aquele princípio inflamado), ainda em silêncio profundo, choraram. Unos mas sozinhos. Olharam-se. Pela primeira vez há muito tempo, voltaram a olhar-se e todas as justificações, os argumentos se dissiparam com o calor do quarto. Bastou um sorriso. Parcas palavras, um beijo demorado. Para não estragar o momento com frases desnecessárias alheias à previsão do futuro perfeito, deixá-las para outro dia, imprimindo nos gestos o sentimento que lhe tinha percorrido o corpo, saiu. Voltou a cabeça para trás antes de sair do quarto. Ele não a olhava, contemplava-a. Foi aí que ela riu, o coração a sair-lhe pelas gargalhadas, aquelas felizes, as verdadeiras. Fez aquele pequeno aceno com o nariz. Gatos. Saiu.
Já a caminho de casa, dentro do carro, não via a estrada à sua frente. Apenas ria, simplesmente. E sentiu algo forte, como uma dor, mas boa. Apertou o peito para tentar vislumbrar o que era. Primeiro não percebeu mas só depois verbalizou para si própria. Era amor.

Tuesday, January 02, 2007

Mais fácil de entender

Ela telefonou-me. Atendi meia atarantada. Seriam horas de uma pessoa vulgar estar a dormir, não no jogo do vamos-lá-acordar-um-amigo. "Estou"; ela chorava. De imediato parei de usar aquela voz resmungona de quem foi acordada e modifiquei-a para aquela outra, a da amiga que espera passar pelo menos meia hora a ouvir mais do que falar. "Conta-me". Nunca alguém tinha desabado em cima de mim. Senti como se meia vida estivesse a fugir-lhe pelas mãos. E lá me falou, como se estivesse sentada na cadeira do seu psiquiatra que, segundo ela, não atendera o telefone. "Também, é tão tarde". "Sabes, nunca me senti assim em toda a minha vida. As horas passam, os dias mudam, mas eu sinto como se os dias me tivessem abandonado e como se o tempo fosse um mero ente com caprichos que me pisa, invulgarmente cruel." E eu conseguia ouvir, lá por trás, aquela canção, a que tinhamos cantado no karaoke numa noite qualquer de riso; talvez por não saber falar de cor, imaginei... Aí percebi exactamente como ela se sentia. E não lho disse, porque me pareceu fácil demais. "Olho para o lado e nunca me senti tão incrivelmente sozinha. Não quero fugir. Já me vi fugir vezes demais, já fugi vezes demais de mim própria". Pensei que se falasse era fácil de entender... Eu pensei durante dois segundos e disse-lhe. "Se o amas tens de optar. Tens dois caminhos. O mais fácil é esqueceres. Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor, não sei o que é sentir... Mas se já encontraste o teu caminho não lhe vires as costas. Luta; não aquela luta à novela, aquelas mulheres que se arrastam aos pés de alguém, que todos os dias perseguem. Não! Dá-te. Diz-lhe que acordas de manhã e não te sentes completa, que só percebeste que não eras completa quando o conheceste, percebeste que não podes nem tens de perder metade de ti. Que essa metade não está em saldo, não está à venda. Que é dele. Que por mais pessoas que ames, ele será sempre aquele que amas acima de todos os outros. Se ele te ama, ele pegará em ti e vai encher-te o olhar. Se não te amar, levanta-te, pega no teu coração e deixa que ele te leve para outro lugar." É o amor que chega ao fim... um final assim assim é mais fácil de entender...

Monday, January 01, 2007

Frase de Afonso...

No topo dos seus cinco anos, olhando-me de soslaio, pensando que se acabaram as pilhas do seu master jogo que mostra, segundo ele, que o pai natal é fixe, diz:

"esta vida está uma porcaria, eu nunca vi uma vida assim"

Só ele mesmo...

Feliz...

O ano começa. É verdade, estas palavras pouco ou nada significam. O prédio no bairro continuará na iminência de cair, os buracos na estrada continuaram lá e as pessoas passarão umas pelas outras com o mesmo olhar melancolicamente trágico de todos os dias. E nós? Cada um de nós, recolhido no casulo da sua morada, podemos mudar só porque é ano novo? Aprendi uma coisa muito importante: ninguém muda só porque sim, ninguém aprende com os erros dos outros, ninguém se conhece verdadeiramente bem. Há momentos em que mudamos, podemos até escolher uma data, mas não tem nem nunca terá nada a ver com ela. Se pensarmos bem somos nós que damos importancia aos dias, eles, só por si, valem tão pouco...
Eu espero que 2007 traga a cada um os seus desejos mais profundos, uma daquelas vontades que se dizem mil vezes, mas porquê este medo tão profundo dos lugares-comuns? É a verdade. E ninguém sabe melhor do que eu que ela pode ser tão cruel como libertadora, ou ainda ambas as coisas em simultâneo. E, como ele disse, naquela manhã de 31, "agora ou vivemos na consciencia que somos medíocres, ou entao perdoas-me e voltamos a provar a felicidade".