Por momentos, por alguns momentos, eu estava em casa. Eu ria-me e o ar cheirava a terra molhada. Por alguns momentos as conversas eram leves e as palavras acompanhavam-se com calças de ganga e nicola. Por alguns momentos era tudo conhecido e o tempo parecia escasso para tudo o que se desejava fazer mesmo quando não se fazia, mesmo quando a disponibilidade se opunha à leitura ávida do jornal que culminava naquela página partilhada (às vezes por horas). Por momentos era feliz, acompanhava-as ao sol e afastava o fumo naturalmente com uma mão, engolindo o passado que seria futuro em poucos dias. Por momentos era criança, esquecia-me do ser adulto e de pôr menos açucar no café, não tinha colegas, tinha amigos e companheiros e perdia-me no parecer ser que me fazia sorrir. É que por momentos sorria-me. Por momentos ouvia o meu nome por todas as empregadas e só quebrei o por momentos quando ela disse que o tempo passava depressa. Por momentos era o cheiro dos livros quebrado com a certa certeza de as paredes estarem agora de uma cor diferente e ter de tirar senha para copiar aulas, AULAS. Por momentos queria perder-me na nostálgia e fingir que o novo mundo, que este novo mundo, era apenas um lugar estranho que eu tinha sonhado. É que por momentos, aqueles doces momentos, estava em casa outra vez.
[E brindo à possibilidade de ter entrado novamente em salas de aula, de nos terem dito "não percam o espírito" e de perceber que o espírito universitário não morreu em mim.]
1 comment:
O espírito universitário vive onde quiseres que viva, e podes levá-lo contigo onde quiseres enquanto nos levares contigo pelos caminhos que percorreres.
Porque mais que um sítio, mais que uma vida, mais que um hábito, o espírito universitário é a inocência de viver como uma criança quando se é adulto, é o ter amigos e não colegas, é viver num "melting pot" de regiões, culturas e tradições e conseguir encontrar algo que nos une: a juventude e o sonho!
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