Saturday, April 11, 2009

Evolução

Compreendemos, em determinado ponto, o irrefutável mistério da vida. A surpresa. Tragamos a intempérie de sermos nós, humanos, não-perfeitos, não-super heróis. Dançamos no abraço do sonho que ficou na infância, no ser naive que se suporta e se sorri, o transpirar intenso dos planos que não se levaram até ao fim (e ainda bem!). Descobri que a surpresa de não ser actriz ou bailarina é tão doce como a surpresa de ter deixado de fazer, de ter feito outra coisa, de ter pegado nos sonhos e, não os arrumando, tê-los transformado em massa, esta massa de que sou feita e que se deixa enfeitiçar pelas pessoas, pelas outras pessoas. As almas, as que caminham comigo, são a minha dose diária de uma droga sedutora, que me vicia, mas que se impera como a saudável tradição de um ombro e um abraço. Não preciso de planos. Tenho os objectivos abstractos. Evolui. Evolui para uma paixão de vida que não se corrompe com os erros, com os enganos, com os trilhos sem saída. Tenho uma catana atada à minha alma que cortará os obstáculos que se imponham, aqueles por cima dos quais eu chorarei (e não quero deixar de ter a capacidade de os chorar, de os deitar para fora de mim como um vómito simples, um limpar de alma), por cima dos quais eu imporei a minha vontade mas também a deixarei cair quando houver tudo o mais de importante que lave o meu orgulho. Porque maior orgulho que esse é ir ao topo. E ainda maior do que esse é nunca deixar de subir.

2 comments:

Maria Paulo Rebelo, said...

Texto "porreiro pah" ;)

Mas sinceramente sincermente, por mais que em certos momentos me reveja neste texto, noutros quero crer que os sonhos que por mim não se concretizaram, pelos quais não suei bastante, nos quais não me empenhei que fosse, ou dados os quais certos circunstancialismos me impediram de os realizar; que apesar de tudo essa irealidade me fez sofrer, porque a sê-los - sonhos que são -, a desejá-los mesmo, é porque os ambicionamos de facto, razão pela qual, quando caídos, me doi no peito, me cai as lágrimas e me sobe a desilusão. Não consigo saborea-los, então, como algo doce.
A minha infantil noção da realidade quer-me acreditar que, apesar de tudo, não existem obstáculos e que a relatividade da sua existência depende tão-só dos juízos de valor que por eles fazemos. Mas a prática diz-me o contrário, diz-me que, quando abraços com um, me amedronto, me acobardo na ridícula da minha existência. Eis a razão pela qual nada sei, pois tudo o que digo ou penso se desajusta da realidade, da factualidade e das fatalidades que não quero crer que existam.
Constata-se, de resto, a contradição das nossas pessoas, não deixando de admitir eu que, deveras, será a tua postura a mais correcta! ;)

Take care,
Maria Rebelo

Nádia said...

Maria, independentemente de tudo: não há postura correcta :)

Um beijo