Tuesday, May 26, 2009

Alcance

Muitas (tantas!) vezes, queremos expor uma ideia, convencer, e simplesmente não somos capazes. Queremos dizer alguma coisa, mas mais fácil seria imprimirmos num abraço o ideário que nos passa na cabeça. A mente perfura todos os caminhos, tentando descortinar se ainda somos capazes, arrancar cabelos à toa e os pés a moverem-se de forma desconcentrada. É assim que me sinto, impotente. Quero gritar aos teus ouvidos tudo o que és, tudo o que significas, o teu sorriso de iluminar o mundo, de remover a pedra dianteira, os teus sapatos de biqueira de aço, tão certeiros e justos. Olha à tua volta. Não vou infectar-te com a doença do "o céu é azul" mas... não é que é mesmo? Não é que o vemos mesmo? Não é que nos entretemos como conseguimos e resta o nada porque mesmo alguma coisa nos parece nada, e queremos sempre mais para lhe chamarmos mais-do-nada depois? Está dentro de nós. Está perdido profunda e sinteticamente naquele lugar que não alcançamos mas... não faz mal receber a mão que vem de fora, pentear o cabelo de forma nova, sorrir com os dentes da alma e compreender que a vida, como a sonhámos, pode não estar aqui. Mas o futuro... bem, o amanhã é nosso.

2 comments:

Sara said...

um obrigada muito muito gde. beijo

Maria Paulo Rebelo, said...

Se do último texto eu te posso dizer que não me revejo nele e, por isso, ter sucumbido à incapacidade de o comentar com olhos ávidos, deste o mesmo não poderei dizer! Para além da continuada elegante forma com que já me habituaste a "ler-te", compreendo tão bem onde quiseste chegar aqui! Hoje confronto-me com um desgosto resultante precisamente de não conseguir dizer o que quero, o que sinto e o que preciso dizer no momento oportuno! Compreendo-te porque, também eu, muitas vezes me engasgo no entrelaço da minha vontade com a minha voz e coragem! Ou é naquele momento, ou dificilmente será num outro. E se assim realmente for, viveremos permanentemente num estado de 1º (antes do acto) ansiedade e 2º (depois do fracasso) desilusão e sofrimento.

Beijo
Rebelo