Thursday, October 15, 2009

Tenho(-te) tempo.

Queria pedir desculpa. Pedir desculpa ao tempo, vivo a vida a desdobrá-lo, a apoderar-me de todos os segundos para os fazer meus. Em cinco minutos consigo rodar o universo. Eu se fosse o tempo sentia-me desafiado, enroscado, encostado à parede. Eu imponho-me, tempo. Façamos esse braço de ferro. Quero-te para escrever furiosamente um parecer, para abraçar um amigo, relaxar numa massagem, comprar uma carteira ou dar uma risada numa esplanada à beira rio. Espero, sempre (e para sempre) conseguir desafiar-te. Nada me dá mais prazer. E quando o cansaço vier, fala tu com ele, diz-lhe que espere à porta.

1 comment:

Maria Paulo Rebelo, said...

Gostava de ter a essa tua habilidade...
A pele retrai-se, o negro vulto da pálpebra escurece, os calos formam-se e conformam-se, o pensamento delira, o cansaço entranha-se na gesticulação demasiado definhada, pesada, atroz e compassada; consome-me o último sorriso do dia quando ele sabe que nunca devia haver último, mata-me as aspirações do dia póstumo, derruba constantemente os meus sonhos. Porque serão sempre os meus que estão em causa, e eu sou egoísta!
Ciúmes!

Tempo idiota!