Sunday, January 07, 2007

Coma de Alma

De manhã. Acorda-se com aquela sensação mole de querer permanecer na cama, só mais um bocadinho. Nada envolve o cheiro a hortelã, nem a hortelã que puseste no meu chá. Enferma, eu sei. Passas-me a mão pela testa e eu já nem me queixo, como antigamente: "não mexas na minha franja". Para mim é como se não tivesses voltado, como se ainda estivesse sozinha, sem nada, perdição. Para mim ainda vejo aquelas empregadas de touca verde e não estes enfermeiros cor de tecto. Porque sou mais uma nuvem em dias de sol, vou e volto de um coma de alma, sem questionar, sem querer que me questionem. É o ambiente unívoco de dor. Não contesto. E tento perguntar-te quando te banhaste tão intensamente em pleonasmos mas nem a voz me sai. Fecho os olhos com força, como se esperasse que a pálpebra me desse um pesadelo em vez de uma bruta realidade. Deixo-me antes adormecer. De certeza que amanhã, mesmo uma nova amanhã, amanhecerá melhor.

1 comment:

Unknown said...

No amanhecer está um estado d eespírito que se quer breve mas intenso... O engraçado está na confusão que ele gera em nós e na importância que lhe damos... E daí um coma de alma...
Qual o amanhecer ideal?