Quem sou eu que não um nós invertido? Um nós que tive com todos os seres que passaram na minha vida. Ou então não só os seres, porque os nós-seres é um de-menos. Talvez o "nós" com aquela estrada por onde passei que viu comigo as minhas solas gastas, ou aquele papel onde marrei para conseguir escrever, o seu cheiro como meu e os meus cabelos os seus fios quase invisíveis. Quem sou eu que não me descubro e por mais que passe o vento de norte me desperto sempre à minha porta que juro, a cada dia, não conhecer? Quem está perdido como eu, entre pensamentos de almas atribuladas, tédios reconhecidos em conversas de animos exaltados, beijos ardentes de lençóis só sonhados...? Quem é aquele que se auto-intitula ser, aquele que não está, que finge permanecer e acredita nesse fingimento que o engana, a ele e aos vis, aqueles que perpetuam o seu acreditar irreal. Ser eu, ser uma flor!, ser depende do ângulo. Quando estou a noventa graus, apenas aí, sou. Tudo o resto é assemelhar-me a qualquer outro que persegue um caminho até casa. Assemelho-me a qualquer outro tantas vezes, e nessas tantas vezes (e, quem engano eu?; noutras mais ainda) sou apenas um nome, eu e aquele vocativo estranho onde, por vezes, nem me reconheço. O melhor é que acredito poder ser, eventualmente, nesses momentos em que me questiono, apenas um tédio de mim.
("Moro no rés-do-chao do pensamento e ver a vida passar dá-me tédio")
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