Wednesday, June 20, 2007

Sonhos

Hoje sonhei contigo. Sonhei que me sufocavas contra o peito e te esquecias das palavras. Envolvias-me, sugavas-me; uma excitação que vinha do âmago da tua alma, o teu corpo que respirava por mim. As tuas palavras suavam o meu rosto e o entardecer empalidecia a minha alma. Entregue, enrolada, sonegada. Um terno suave suspiro. E eu, caída entre os teus braços, como quem morre, como quem morre de felicidade.

["What kind of woman is in the house tonight?"]

Em pensamento, a caminho





Porquê Oceano Pacífico?

Sunday, June 17, 2007

Sucessão contratual

Apaixonei-me pelos pactos sucessórios. É verdade, é estranho, é estranha a possibilidade, mas é verdade. Até me apaixonei pelo relictum menos o donatum posterior (o donatum posterior então, mata-me) e pela discussão doutrinária sobre o passivo. Apaixonei-me, assim, apareceu subtilmente. O problema é que sei que amanhã, quando chegar ao exame, vou olhá-lo nos olhos e pensar: "cabrão, até tu me trais!"

Versos

Aí me encontro,
meu amor!
Dos nódulos dos meus profícuos gestos
Nascem os nós dos teus dedos.
Insalubres e ténues,
Danças entre as agulhas que encerrei
Nos olhos que nunca beijei
Deixas-me desarmada.

Mas perco-me!
Perco-me de mim,
salutar, talvez altiva,
minto-me sem tréguas.
É aí que desço a calçada,
que encontro o som das pedras,
enamorada.
E me esqueço de ti.

Sunday, June 10, 2007

Italiano

É bom percorrer os recantos de outra língua. É como se nos descobrissemos cantando palavras, e até encontrando seres que as cantam connosco e que, melhor, nos fazem rir. É assim que passo os meus sábados, conhecendo esta língua inimaginavelmente bela e colorida. Risadas doces por entre exercícios e novas aprendizagens. Bom, muito bom!

"Gonçalo è libero, libero che doi " lol

Sinto falta

Sinto falta das canecas transparentes do campismo, aquelas que se aninhavam, quentes, nas nossas mãos e nos cercavam como o barulho refugiado das cigarras da terra húmida. Sinto falta das peças de teatro na casa de banho da casa da avó, palco junto à banheira e florzinhas verdes dos azulejos como espectadores atentos e interessados. Sinto falta da alcatifa da casa da tia, quando o tio Zé contava estórias e o rui cantava indecifráveis melodias. Sinto falta de pisar uvas, sentir o suco fluir pelos canais das nossas narinas e atingir o cérebro que fazia a boca cantar sem querer. Sinto falta de te agarrares ao meu joelho nas alturas, enquanto tudo tremia e abrias os olhos de um medo que só me segredavas a mim. Sinto falta de correr convosco para o parque infantil, de tropeçar, de cair, de me levantar sem dar por nada, olhando o fim como a melhor meta, como se fosse o último momento da minha vida e, ainda assim, me fizesse feliz. Faz-me falta...

Wednesday, May 30, 2007

Eis que chega a hora

"Meu querido,

Ainda me lembro a primeira vez que olhaste para mim. A primeira vez que olhaste a ver, a ver mesmo. Olhar descomprometido que depressa se tornou comprometido, meio tímido, admirado, ciente da dúvida que eras tu, que era eu, que se transformou em nós. Foste vagueando pelas minhas palavras e pelo meu amor encrespado, perdido nos enlaces que criámos à nossa volta, à volta dos nossos abraços, aqueles, dulcíssimos. Não antevias tudo isto quando me chamaste miúda.
Vimos as estrelas num céu perto e a lua num céu distante do Guincho, sempre nos entrelaçámos com mãos de tamanhos tão diferentes como a distância e semelhança que percorriamos em sorrisos. Pontos inequívocos que nos uniam por entre uma amizade apaixonada que sorria por entre a confusão emaranhada da nossa vida.
Ser feliz era rever-te nesse sopro sussurrado no meu umbigo, nesses olhos de brilho e no sorriso que fazias, aquele único, em que só contrais metade do lábio. Um beijo; um beijo e um soluço, um tesouro, portas e portas, travessas e sim. E parecia que até te tinha reencontrado, visto um novo primeiro olhar. Levei-o para todo lado (acreditares é um pormenor desinteressante), para dentro da caixinha fechada que encontrei em mim, que sempre tentaste abrir. Foi aquele amor discreto que preferias que eu tivesse gritado ao mundo, mas eu nunca o fiz.
E agora, tal como os grandes Homens, é tempo de voltar a casa. É tempo do retorno, altura em que volto a mim mesma e me entrego ao que me tornei sem passar por este reflexo de alma onde me criaste. E digo-te adeus. Adeus ao meu gato, meu mel e meu coelho, lapa e bezugo, adeus à minha gargalhada, amor, ao meu chão, minha pedra da calçada, meu chiado. Quando queremos esquecer, esquecer verdadeiramente, apagamos vestígios. Varri-os ontem do varandim e do sol desse monte. E aqui os apago, as mágoas de mim que deixei nesta linha ténue de silêncio que criámos entre nós, que agora nos cobre, e percebi nunca mais se romper. É assim que morre a eterna busca pela eternidade. Assim morremos tu e eu num silêncio que tem pouco de nosso, entre o ressentimento e a mágoa que nos cegam e nos afastam. Morreu; adeus."

Friday, May 25, 2007

Informação

Queria informar os atentos leitores do meu blog que não tive nenhum colapso, nem perdi a inspiração nem nada do género... Não escrevo há um mês por problemas no servidor mas eu voltarei, prometo.

N.

Saturday, April 21, 2007

Souls of rastaman

Podia ter simplesmente abanado a anca como ela disse, podiamos simplesmente ter pensado em Bagdad e nos onzes de setembro (que gargalhada...), mas pensei que o som fluia dentro de mim, que entrava suavemente pelas minhas narinas até à minha alma, levitei, enfim. O meu corpo descontrolado entre pausas e gritos nortenhos e eu ali, fechando os olhos ao aroma doce daquela música. E ele tinha aparelho, ele tinha rastas, e a doçura de olhares encaixava-se, entrava no ambiente e não fazia mal... bem, noites assim só de improviso, convosco, entre uma conversa e um suspiro.

Souls of fire em Cascais... gosto, muito!

Wednesday, April 18, 2007

Hmmm...

Hoje ia no carro e pus a cabeça e o tronco de fora para sentir o vento neste tempo quente de Verão. Deixei o cabelo esvoaçar, quase como num filme e senti aquele cheiro doce de maresia da linha. Quando voltei a pôr a cabeça dentro do carro pensei que de todas as sensações olfativas da minha vida, a melhor sentia-a quando punha as mãos no teu peito nu, encostava o nariz e te respirava. Quero...

Sunday, April 15, 2007

Impossible is nothing (?)

Quando eu era pequena sonhava em ser actriz de teatro.
Hoje estudo Direito.

Onde começas não é necessariamente onde acabas.

(choro compulsivo... =P)

Saturday, April 14, 2007

If the sun does shine... one day!

Sento-me aqui sem saber bem o que perdi e o que ganhei... Imagino como o mundo pode ser tão gélido, como posso sentir frio aqui neste canto, em espera, em espera prolongada pelo tempo, aquele em que pode ser e não ser mas é indefinido o meu ser lá ao longe. Espero que ele me dê a mão e me leve, um dia, para poder olhá-lo e sorrir. Aquele único sorriso indescritível.

Waiting on an angel
One to carry me home
Hope you come to see me somewhere
'Cause I don't wanna go alone, I don't wanna go all alone...

(...)

And I'm waiting on an angel,
And I know it won't be long.
To find myself a resting place
In my angel's arms, my angel's arms...

So speak kind to a stranger, 'cause you'll never know...
It just might be an angel come
Knocking at your door, oh, knocking at your door...

(Ben Harper, o meu)

Wednesday, April 11, 2007

Nós

Ensinei-o a tocar-me. Mais ou menos como um instrumento, como uma arpa, como se os seus dedos fossem pétalas, como se a minha pele fosse cristal. Ensinou-me a tocá-lo. Como um saxofone. Sopro forte e profundo, sem vacilos, entre instantes provocantes e crises de loucura prolongada. Eramos nós. O "nós" dos estranhos, o "nós" das paisagens solarentas e das estrelas do meu céu. Nós...

[perdida de confusa, confusa de estupidificada... "She's so unusual, She's not so usual, She's not so you, not so"]

Conversas

Ele: Panda Bear?!
Eu: Not at all!
Ele: Frou Frou?!
Eu: Nop.
Ele: CSS?
Eu: Hmm... não!
Ele: Miles?
Eu: Agora não.
Ele: Jason Mraz?
Eu: Nnnnão...
Ele: Dave Mathews?!
Eu: Hmmm... E consegues pô-lo a cantar aos pés da minha cama?
Ele: A noite toda!
Eu: Deal!
Nós: ...
Ele: Porque fechas os olhos?
Eu: Estou só a tentar ignorar o facto de seres perfeito.

Sunday, April 08, 2007

Pena

Tenho pena que não me leias, que já não me leias as entranhas profundas, mesmo que outrora profanadas, agora estabelecidas em inocência e ternura. Tenho pena que não me agarres pela cintura, que não me apertes, que não me tires o fôlego, que não me mintas aos ouvidos enquanto me tapavas os olhos e me deixavas tropeçar (mas pouco). Tenho pena que não me deites cuidadosamente na tua cama, uma mão na minha cabeça a amparar a minha queda, a afagar os meus cabelos. Já não te enrolas em mim, na compreensão dos meus movimentos, na perfeição do nosso ritual, na vida imperfeita por entre os risos completos... Mesmo assim, fazendo-te feliz, já vale a pena.