Sunday, June 10, 2007
Sinto falta
Sinto falta das canecas transparentes do campismo, aquelas que se aninhavam, quentes, nas nossas mãos e nos cercavam como o barulho refugiado das cigarras da terra húmida. Sinto falta das peças de teatro na casa de banho da casa da avó, palco junto à banheira e florzinhas verdes dos azulejos como espectadores atentos e interessados. Sinto falta da alcatifa da casa da tia, quando o tio Zé contava estórias e o rui cantava indecifráveis melodias. Sinto falta de pisar uvas, sentir o suco fluir pelos canais das nossas narinas e atingir o cérebro que fazia a boca cantar sem querer. Sinto falta de te agarrares ao meu joelho nas alturas, enquanto tudo tremia e abrias os olhos de um medo que só me segredavas a mim. Sinto falta de correr convosco para o parque infantil, de tropeçar, de cair, de me levantar sem dar por nada, olhando o fim como a melhor meta, como se fosse o último momento da minha vida e, ainda assim, me fizesse feliz. Faz-me falta...
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