Tens razão, às vezes perco-me no memorável. Não porque fuja ao presente (seja, uma delícia) mas porque a minha vida é intensa de mais para viver apenas do momento, vivo também da memória do que foi [aquele olhar desafiante, aquela palavra astuta, aquele riso perturbante] para querer mais para o meu futuro. Não igual: mais. Sinto que cada vez sou capaz de descobrir mais mundos e dentro de cada um construir um pequeno castelo de personagens mais ou menos feliz, mais ou menos próximas, mais ou menos imperfeitas. Mas pessoas. Daquelas que agarram e me sugam, que querem a força da minha compreensão e a presunção do meu pensamento. Quero rostos que me façam sentir, sentir qualquer coisa, um arrepio, uma atracção, um silêncio sincero, qualquer coisa que mesmo muito livre se mostre a mim como autêntica, como verdadeira. Se quero alguém, se quero um instante só meu, quero verdadeiramente independente do amor, da paixão, de qualquer carinho, um sentimento louco e desenfreado a fazer esquecer a razão ou a fazer apurá-la mais. Serei talvez [de paixão] mais fria, viverei talvez mais. Ser, assim, poder, ser feliz.
1 comment:
É bom saber que de vez em quando espreitas também "o meu espaço"... Vejo o teu sempre.
O quanto gosto da tua escrita, já sabes.*
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