Pegou-lhe na mão, mostrou-lhe o caminho. Assim lhe tentou mostrar, mostrava-lhe os vales do pensamento, imensidões de descobertas que no fundo eram as suas mas que só com ela partilhava. Não era fácil, custava-lhe a abrir os olhos, ou então virava a cara porque no fundo os seus olhos não aguentavam o sol. Como o mel, colada a uma lembrança doce, sempre distante do presente. Ele ensinava calmamente, como quem espera aquela resposta tardia, acreditando-a como inevitável, como estavelmente segura no fim da linha. Desculpou-se. Ela sabia-o. Não queria nunca que ele a deixasse e possivelmente seria mais fácil desistir, acreditar que não havia mais para lá da ténue esperança momentânea. As desculpas nunca foram suficientes. E mais tarde encostava a cabeça ao vidro e gritava consigo própria: mas quem julgas tu que és? Grávida de uma estupides infinita, lacrimenta de seres que nem existem, vidas passadas e fugidas e uma dor qualquer. Formidável incluires-te entre os indomáveis, perdida entre as confusões de uma lua que só sabe estar em quarto minguante. És um nada com paralelos em tudo, felicidades que não foram nem nunca serão porque só sabes acreditar no momento. Ele liberta-te, mas és uma acorrentada na sua definição.
Amar? Noutra vida, talvez.
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