Wednesday, April 29, 2009
In the mood for love
Tenho vontade de perder o fôlego. Ser um amante estonteante que se abraça na noite, deixar a cabeça cair para trás, sentir-me morta por um beijo, um último beijo, até amanhã, até ao próximo adeus. Chega desta superficialidade arrasadora do até já que não volta, das portas fechadas de vez em quando, do silêncio dos gritos de ciúmes, da loucura, do querer, só querer, querer mais e mais. Quero que acendas velas e me deixes ouvir cantar os pássaros, que cantes em andamento, que me abraces e me beijes o rosto de um só suspiro, que me atropeles os sentidos, que me faças sorrir, rir, gargalhar. Paremos de querer o fácil, ancoremos o difícil, qual o problema de ser sozinha?!, hoje, amanhã, enquanto não se acha, enquanto não se encontra, enquanto não se compreende. Sou sozinha quando me olho ao espelho pela manhã e não preciso de um ardor para me comover com a cor dos meus olhos, preciso de um amor puro e sincero, pouco idilico, mas muito vivido, muito amado, que me sugue, que percorra o meu corpo, que desvaneça as minhas razões e me tire argumentos. Quero, finalmente, um amor como o último vinho tinto: uma surpresa e, ao toque aveludado nos meus lábios, um sabor cada vez melhor.
Friday, April 24, 2009
De momento
Olhe aqui, olhos de azeviche
Vamos acertar as contas porque é no dia de hoje que cê vai embora daqui...
Mas antes, por obséquio:
Quer me devolver o equilíbrio?
Quer me dizer por que cê sumiu?
Quer me devolver o sono meu doril?
Quer se tocar e botar meu marcapasso pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar a mão de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
Quer parar de torcer pro meu fim dentro do meu próprio estádio?
Quer parar de saxdoer no meu próprio rádio?
Vem cá, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar meu espelho?
Assim: agora fica de joelhos e comece a cuspir todos os meus beijos.
Isso. Agora recolhe!
Engole a farta coreografia destas línguas
Varre com a língua esses anseios
Não haverá mais filho, pulsações e instintos animais.
Hoje eu me suicido ingerindo sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
Pronto: última revista
Leve também essa bobagem que você chamou de amor à primeira vista.
Olhos de azeviche, vem cá:
Apague esse gosto de pescoço da minha boca!
E leve esses presentes que você me deu: essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tire também esse sentimento de penetração
Esse modo com que você me quis
Esses ensaios de idas e voltas
Essa esfregação
Esse bob wilson erotizado que a gente chamou de tesão.
Pronto.
Olhos de azeviche, pode partir!
Estou calma.
Quero ficar sozinha eu co'a minha alma.
Agora pode ir.
Gente! Cadê minha alma que estava aqui?
Elisa Lucinda
Texto para uma Separação
Vamos acertar as contas porque é no dia de hoje que cê vai embora daqui...
Mas antes, por obséquio:
Quer me devolver o equilíbrio?
Quer me dizer por que cê sumiu?
Quer me devolver o sono meu doril?
Quer se tocar e botar meu marcapasso pra consertar?
Quer me deixar na minha?
Quer tirar a mão de dentro da minha calcinha?
Olhe aqui, olhos de azeviche:
Quer parar de torcer pro meu fim dentro do meu próprio estádio?
Quer parar de saxdoer no meu próprio rádio?
Vem cá, não vai sair assim...
Antes, quer ter a delicadeza de colar meu espelho?
Assim: agora fica de joelhos e comece a cuspir todos os meus beijos.
Isso. Agora recolhe!
Engole a farta coreografia destas línguas
Varre com a língua esses anseios
Não haverá mais filho, pulsações e instintos animais.
Hoje eu me suicido ingerindo sete caixas de anticoncepcionais.
Trata-se de um despejo
Dedetize essa chateação que a gente chamou de desejo.
Pronto: última revista
Leve também essa bobagem que você chamou de amor à primeira vista.
Olhos de azeviche, vem cá:
Apague esse gosto de pescoço da minha boca!
E leve esses presentes que você me deu: essa cara de pau, essa textura de verniz.
Tire também esse sentimento de penetração
Esse modo com que você me quis
Esses ensaios de idas e voltas
Essa esfregação
Esse bob wilson erotizado que a gente chamou de tesão.
Pronto.
Olhos de azeviche, pode partir!
Estou calma.
Quero ficar sozinha eu co'a minha alma.
Agora pode ir.
Gente! Cadê minha alma que estava aqui?
Elisa Lucinda
Texto para uma Separação
Wednesday, April 22, 2009
Porque hoje e a partir de hoje os dias são só meus...
Nouvelle Vague, Dancing with Myself
Tuesday, April 21, 2009
Diálogos...
- "We are not having sex!"
- "Why not?! We don't have anything to talk about!"
- "Why not?! We don't have anything to talk about!"
Monday, April 20, 2009
Tu.
Dói-me os dedos de roer as unhas e os dentes de os ranger. Doem-lhe os olhos cansados, de apreciar de fora, como quem se suspeita por entre a multidão. Dói-me o sonho ferido de acontecimentos passados e chora-me o cansaço na mesma cama onde gargalhei naquela noite. Caem as asas a todos os instantes e, sem sequer a sombra do anoitecer, encara-se a vida com os olhos de uma humanidade repugnante que tende a ser nossa, e tende a ser verdadeira. O ser que desperta esta noite será diferente do de ontem, eu serei diferente de ontem e as minhas palavras sairão da minha boca de uma forma diferente de ontem. É porque ser, hoje, passa por ser diferente de ontem que o tempo machuca os fieis (ao amor, ao sonho, ao o que quer que seja...) e essa mágoa, vencida, deveria encharcar-se em mais do que um Rosé, mas nele se envolve e eu em ti me envolvo, para esquecer que existo e para preparar o teu adeus saudável de quem passa por passar.
"Ainda não manejei uma arma que não desse ricochete"
Friday, April 17, 2009
Para o futuro
"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver
só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe
a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."
Nuno Júdice
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver
só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe
a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."
Nuno Júdice
Saturday, April 11, 2009
Evolução
Compreendemos, em determinado ponto, o irrefutável mistério da vida. A surpresa. Tragamos a intempérie de sermos nós, humanos, não-perfeitos, não-super heróis. Dançamos no abraço do sonho que ficou na infância, no ser naive que se suporta e se sorri, o transpirar intenso dos planos que não se levaram até ao fim (e ainda bem!). Descobri que a surpresa de não ser actriz ou bailarina é tão doce como a surpresa de ter deixado de fazer, de ter feito outra coisa, de ter pegado nos sonhos e, não os arrumando, tê-los transformado em massa, esta massa de que sou feita e que se deixa enfeitiçar pelas pessoas, pelas outras pessoas. As almas, as que caminham comigo, são a minha dose diária de uma droga sedutora, que me vicia, mas que se impera como a saudável tradição de um ombro e um abraço. Não preciso de planos. Tenho os objectivos abstractos. Evolui. Evolui para uma paixão de vida que não se corrompe com os erros, com os enganos, com os trilhos sem saída. Tenho uma catana atada à minha alma que cortará os obstáculos que se imponham, aqueles por cima dos quais eu chorarei (e não quero deixar de ter a capacidade de os chorar, de os deitar para fora de mim como um vómito simples, um limpar de alma), por cima dos quais eu imporei a minha vontade mas também a deixarei cair quando houver tudo o mais de importante que lave o meu orgulho. Porque maior orgulho que esse é ir ao topo. E ainda maior do que esse é nunca deixar de subir.
Thursday, April 09, 2009
Wednesday, April 08, 2009
Por favor
Há dias em que pensamos... em nada. E de repente o tudo que é nada é grande. Pensamos em estar à mesa com o nada. O nojo de uma vida sem o cúmulo preferido de uma loucura cinzenta. Onde está o nosso vinho?! O nosso vinho e o nosso ardor, as tuas mãos em conversa sobre o meu pescoço, uma nova táctica, um novo plano de jogo contado à luz dos meus lábios. Quem? Para onde? E eu?! O envolvente meio perdido e complexo, nós complicados, invólucros da nossa pele, um casulo sem futuro de transformação, não, não terás a sua cor e eu não sou a tua Primavera. Esquece pensamentos, esvazia-me esvaziando-te, tira-me as palavras, aventura-me no sorriso informal que me davas, que me deste, que era a parte minha de um teu não-amor que era perfeito. És um suco quente, doce, o copo é de uma realidade que ao momento não importa, que à prateleira se empoleira, que ao coração astuto se prosa e se conversa, apenas, garantias que não prometem. Não te me prometas, senão o doce e amargo sabor do teu frágil sentimento no tempo. Somos um do outro no intemporal que não se pensa mas que se delicia. Por favor, delicia-me.
Tuesday, April 07, 2009
Por um momento
Por momentos, por alguns momentos, eu estava em casa. Eu ria-me e o ar cheirava a terra molhada. Por alguns momentos as conversas eram leves e as palavras acompanhavam-se com calças de ganga e nicola. Por alguns momentos era tudo conhecido e o tempo parecia escasso para tudo o que se desejava fazer mesmo quando não se fazia, mesmo quando a disponibilidade se opunha à leitura ávida do jornal que culminava naquela página partilhada (às vezes por horas). Por momentos era feliz, acompanhava-as ao sol e afastava o fumo naturalmente com uma mão, engolindo o passado que seria futuro em poucos dias. Por momentos era criança, esquecia-me do ser adulto e de pôr menos açucar no café, não tinha colegas, tinha amigos e companheiros e perdia-me no parecer ser que me fazia sorrir. É que por momentos sorria-me. Por momentos ouvia o meu nome por todas as empregadas e só quebrei o por momentos quando ela disse que o tempo passava depressa. Por momentos era o cheiro dos livros quebrado com a certa certeza de as paredes estarem agora de uma cor diferente e ter de tirar senha para copiar aulas, AULAS. Por momentos queria perder-me na nostálgia e fingir que o novo mundo, que este novo mundo, era apenas um lugar estranho que eu tinha sonhado. É que por momentos, aqueles doces momentos, estava em casa outra vez.
[E brindo à possibilidade de ter entrado novamente em salas de aula, de nos terem dito "não percam o espírito" e de perceber que o espírito universitário não morreu em mim.]
[E brindo à possibilidade de ter entrado novamente em salas de aula, de nos terem dito "não percam o espírito" e de perceber que o espírito universitário não morreu em mim.]
Sunday, April 05, 2009
Toda a razão: sou eu (e às vezes é uma pena).
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
O meu outro
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
O meu outro
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Saturday, April 04, 2009
Dias
É requisito imprescindível do ser humano madrugar com o ar entediado de quem se auto-contraria. No entanto, seria pressuposto conhecer das razões de um estranho odor a mágoa na boca e um reflexo curioso no estômago.
O ser humano inebria-me.
O ser humano inebria-me.
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