Lamento não ter o dom da ubiquidade.
Lamento.
Estaria, neste preciso momento, pontapé nas intemperis, desaconselhos inúteis, caos da futilidade arrasada pelo meu chá das cinco às onze, conversa de melância aberta ao sol... aqui:
- A passear o meu cão e a correr ao lado dele com o ipod que não tenho;
- A conduzir a alta velocidade pela descida da crel;
- A receber uma massagem em Hong Kong;
- A atacar-te a borbulha;
- A ver uma série qualquer em frente à lareira;
- A fazer uma contestação com reconvenção que me obrigásse a pensar;
- A fazer um parecer sobre a personalidade jurídica dos golfinhos;
- A dizer-vos que são lindas;
- A ter frio em Nova York;
- A dizer-te que odiava quando falavas alto, quando opinavas de outras bocas;
- A dizer-te que tens razão, que soube ser horrível mas que não importa o quanto nos magoam temos de saber perdoar para poderes seguir em frente sem mim;
- A dizer-te que também não me merecias;
- A tomar banho nas Caraibas;
- A sorrir-te;
- A brindar à vida, à nova vida, aos lugares-comuns e ao facto de dizer lugares-comuns já ser um lugar-comum.
[E depois ria-me muito.]