Wednesday, August 11, 2010

Bolha

Criei uma bolha e imagino-a cor de rosa. Mas clarinha, quase translúcida, para que eu consiga ver bem para fora. Seleccionei quem queria que entrasse, criteriosamente mas sem grandes alaridos. Que claro e natural para mim foi ver entrar aqueles que amo. Não há, de facto, em mim, o medo de os deixar entrar, de irromperem pela minha pele e desapertarem a minha vida. Mais ou menos colados, andarão sempre comigo e comigo partilharão todos os beijos. Sei, secretamente, segregar o que é doce e não conto a ninguém que tenho um saquinho de amarguras guardado, salpicando alguns com umas que, tolerantemente, me esticam o ombro e a mão. Esbarro sempre com a sorte dentro da minha bolha e invariavelmente me pede que a saiba guardar, assim, numa pureza de coração, com o sentimento de descrença que devo ter no pessimismo, afastando-o, cinzento, do meu mundo colorido.
E assim vou andando. Com homens que são homens, mulheres que são mulheres e mundos paralelos.
Que bolha.

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