Thursday, September 18, 2008

[dispensa título] ...

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar,
malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente
para educar os meninos mais pobres que nós,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais,
esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade
e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz,

minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz,

mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros
venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro,
a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai,
minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
"Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar

e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste:
esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo,
com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!


Dirão: "Deixa de ser boba,
desde Cabral que aqui todo mundo rouba"

e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval,
vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos,
vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem que veio de Portugal".

Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? Imortal!
Sei que não dá para mudar o começo mas,
se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

Só de Sacanagem
Elisa Lucinda

Wednesday, September 17, 2008

[inspiro; expiro]

Um bocadinho de mim. Expludo e espalha-se. Aqui, ali, além, nele, nela, ... Sei que houve uma parte que deixei a correr de quarto para quarto nessa quinta, outro pedaço bebe nicola no bar novo, outro dança num chão verde, encrostados em pequenas grandes pessoas minhas. Arrogar-me: minhas. E outros pedaços estão aí, por encontrar ou por conquistar. Como o tempo, ou o veludo de um tinto: aprender a gostar depois.

Monday, September 15, 2008

Fernando Pessoa

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar.

[e sou mais eu!]

Tuesday, September 02, 2008

Memória

Desperdiçar um momento de mim.
A um sonho, um devaneio.
Acreditar em possuir mais.
Num pedido absurdo,
Vidas de loucura e paz,
Fumos de visibilidade doida.
E eu, e nós, e tu.
Noites em paragens ridículas,
Por lembrança do ideal.
De cérebro envolventes e
Envolvidas em gargalhadas.
Palavras.
Insuficiente.