Beija-me como se fosses sugar a minha alma.
Enrola-me e fuma o meu suco perfumado a vida.
Sussura a minha voz transpirada de teu toque, meu veio cintilante.
Mata-me com teu abraço feroz e arranca este medo que é meu e donde escrevi noticia nossa.
["Quem sabe sequer o que pensa, ou o que deseja? Quem sabe o que é para si mesmo? Quantas coisas a música sugere e nos sabe bem que não possam ser! Quantas a noite recorda e choramos, e não foram nunca! Como uma voz solta da paz deitada ao comprido, a enrolação da onda estoira e esfria e há um salivar audível pela praia invisível fora." - Livro do desassossego, Bernardo Soares]
Wednesday, January 30, 2008
Sunday, January 27, 2008
Continentes... viajar? Perder países...
Rebenta de felicidade... olha o rio e ri-se, gargalhadas de uma explosão de felicidade brutalmente profunda. Perde aquela vergonha do transeunte, manda uma gargalhada na cara de um casal italiano que passa. Pára e olha para o chocolate que cobre o capuccino. São sortes, tantas que tenho tido que se devem apenas aqueles que me rodeiam, aqueles que me amam e a quem eu agradeço a minha vida assim, estonteantemente feliz.
Tentaste mas não vais, não vais nunca tirar-me o sorriso de uma alma acompanhada.
["Só queria saber se queres tequilla na piscina ou no quarto de hotel?"]
Tentaste mas não vais, não vais nunca tirar-me o sorriso de uma alma acompanhada.
["Só queria saber se queres tequilla na piscina ou no quarto de hotel?"]
Sons de Janeiro, frases de Janeiro...
"I did it my way" - Frank Sinatra (eu e ela, na piazza de sempre, gritos bêbedos)
"Just the way you are" - Diana Krall (para ela)
"Lágrimas" - Amália (os três, aqui em casa, cantado como se fossemos morrer)
"Café com sal" - Doce (eu e a outra ela, quatro da manhã, até casa)
"Lado a lado" - Dona Maria
"Je ne veux pas travailler" - Edith Piaf (danças de quarto)
"Bubbly" - Colbie Caillat (todas as manhãs, caputcio na mão, quente, olhar o sol à distância)
"O segredo é ser diferente mas discretamente"
"A amizade acima de tudo!"
"Amor de primo nunca acaba"
"Tenho jeito para muita coisa"
"Não me importa, nada de importa"
Saturday, January 26, 2008
Desistir de aprender a amar
Pegou-lhe na mão, mostrou-lhe o caminho. Assim lhe tentou mostrar, mostrava-lhe os vales do pensamento, imensidões de descobertas que no fundo eram as suas mas que só com ela partilhava. Não era fácil, custava-lhe a abrir os olhos, ou então virava a cara porque no fundo os seus olhos não aguentavam o sol. Como o mel, colada a uma lembrança doce, sempre distante do presente. Ele ensinava calmamente, como quem espera aquela resposta tardia, acreditando-a como inevitável, como estavelmente segura no fim da linha. Desculpou-se. Ela sabia-o. Não queria nunca que ele a deixasse e possivelmente seria mais fácil desistir, acreditar que não havia mais para lá da ténue esperança momentânea. As desculpas nunca foram suficientes. E mais tarde encostava a cabeça ao vidro e gritava consigo própria: mas quem julgas tu que és? Grávida de uma estupides infinita, lacrimenta de seres que nem existem, vidas passadas e fugidas e uma dor qualquer. Formidável incluires-te entre os indomáveis, perdida entre as confusões de uma lua que só sabe estar em quarto minguante. És um nada com paralelos em tudo, felicidades que não foram nem nunca serão porque só sabes acreditar no momento. Ele liberta-te, mas és uma acorrentada na sua definição.
Amar? Noutra vida, talvez.
Amar? Noutra vida, talvez.
Friday, January 25, 2008
2008
Há dias que acordam cinzentos e nós acordamos com a mesma ausência estupidificante de cor (eu que nem gosto do cinzento...). Esperguiço-me porque sempre tenho aquela pequena sensação de prazer, mesmo que por nada mais, porque existimos, porque o sol pode ser nosso. Sem sol, como os meus cereaizinhos na minha tacinha com a minha colerzinha e os meus olhinhos repousam sobre mais um livrinho. Tudo insignificante. Onde estão as promessas de viagens e gargalhadas, os clássicos infinitos, e beijos e amor e paz? Sei lá... Deve ter sido, foi mesmo, tudo no ano passado.
Tuesday, January 22, 2008
Arrepios
Olho para os pequenos pelos loiros do meu braço e pergunto-lhes quem sou e porque se eriçam quando se eriçam. Olho-os demoradamente, como um pequeno rapazinho despreocupado com o tempo. É como se me olhasse de fora, como se estivesse aqui e acima de mim, a observar as intemperies da minha existência. Queria arrancar o meu sistema nervoso e ser sempre este sorriso que não morde o lábio. Gostava de perpetuar este caminho paralelo onde tudo é regular e constante para poder, só mais tarde, confundir tudo, baralhar de novo as cartas e as estender à minha frente, como quem não quer acreditar no destino mas acreditando num caminho para o futuro. É como ele disse: "não tentes convencer-me que és uma optimista!"; não conseguiria convencer-te disso, não tenho material nem argumentos. Descobri que sou sempre a fonte que transborda, sei porque lavo tanto as mãos, e não tento confundir-vos: não acho nada normal!
Thursday, January 17, 2008
Um pouco mais de calma...
Os dias sucedem-se... desesperadamente, mãos na cabeça, lágrimas que fazem escorrer tinta preta... não sou eu, isto não sou eu, se alguma vez fui, estive enganada. Não consigo parar de as roer e ninguém me compreende, ninguém sabe onde estive ou não estive, porque estive sozinha e não quis mesmo que ninguém me acompanhasse. Não podia ser. Nada podia ser e eu só conseguia chorar e entreolhar-me ao espelho com medo e temor. Tremia, tremia muito porque de qualquer maneira não me amar é não ter de procurar mais nada. E desistir. E ver o sol cair sobre a ponte. E cair, levemente, enquanto a barragem se abriu e o rio está cheio de corrente. Sou uma maçã a apodrecer. Levem-me daqui.
Monday, January 14, 2008
Dias...
Hoje, daqueles dias em que o passado e o presente destinado se confundem. E mais uma vez, confiança desmedida, dor desmedida e só penso que o tempo devia ter parado no dia em que me chamaste miúda. Aí, pelo menos, o meu mundo cor-de-rosa era real e o mundo cá fora era só um pesadelo distante. Quem me traz este casulo de onde saí? E porque não posso sentar-me no chão do meu quarto, brincar às bonecas e acreditar que as barbies podem ser felizes para sempre? Não, desculpe-me o tempo, nunca quis ser mulher.
Monday, January 07, 2008
Quando? Para quando? - Ser livre!
Quando foi a última vez que ajudaste mesmo só por ajudar, sem ser sequer para impressionar alguém? Quando foi a última vez que realmente quiseste intervir no curso das coisas e não tiveste medo? Quando foi a última vez que o teu olhar arrogante não saiu porque era um amigo? Quando foi a última vez que deste a mão a um amigo, trabalhaste por ele e só quiseste no fim vê-lo sorrir?
Quando foi a última vez que dedicámos a nossa alma à loucura de pertencer ao mundo, ao ser catastrófico do não-ser, da ternura sumarenta de uma laranja arrancada, quando pertencemos ao espaço inexistente só para provar que não havia mãos onde só nas mãos cabiamos?... Como? Como chegar onde? E... e para quê?
"Livre de quê? Que importa Zararusta! Mas o teu olhar deve dizer-me claramente: livre para quê?" - Nietzsche
Quando foi a última vez que dedicámos a nossa alma à loucura de pertencer ao mundo, ao ser catastrófico do não-ser, da ternura sumarenta de uma laranja arrancada, quando pertencemos ao espaço inexistente só para provar que não havia mãos onde só nas mãos cabiamos?... Como? Como chegar onde? E... e para quê?
"Livre de quê? Que importa Zararusta! Mas o teu olhar deve dizer-me claramente: livre para quê?" - Nietzsche
Escrever... bem ou... bem!
"Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos."
Fernando Pessoa
[Este homem era mais do que um génio... captou tudo o mais que eu poderia exprimir, e... e... e...]
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos."
Fernando Pessoa
[Este homem era mais do que um génio... captou tudo o mais que eu poderia exprimir, e... e... e...]
Thursday, January 03, 2008
Donna Maria... Perfeito: Lado a Lado!
Ele: Somos dois caminhos paralelos
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós somos, loucos que nós fomos
Nem sei qual é de nós mais desgraçado...
Lado a lado, meu amor, mas tão longe
Como é grande a distância entre nós
O que foi que se passou entre nós os dois que nos separou?
Porque foi que os meus ideais morreram assim dentro de mim?
Ela: Ombro a ombro, tanta vez, mas tão longe
Indiferença, entre nós, quem diria
Custa a crer que tanto amor, tão profundo amor, tenha acabado
E nós ambos sem amor, lado a lado
Ele: Fomos no passado um só destino
Somos um amor desencontrado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Nem sei qual é de nós mais desgraçado
Ela:Lado a lado no amor mas tão longe
Como é grande a distancia entre nós
O que foi que se passou entre nós os dois que nos separou?
Porque foi que os meus ideais morreram assim dentro de mim?
Ombro a ombro, tanta vez, mas tão longe
Indiferença, entre nós, quem diria
Custa a querer que tanto amor, tão profundo amor, tenha acabado
E nós ambos sem amor, lado a lado
Somos dois caminhos paralelos, vamos pela vida lado a lado...
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós somos, loucos que nós fomos
Nem sei qual é de nós mais desgraçado...
Lado a lado, meu amor, mas tão longe
Como é grande a distância entre nós
O que foi que se passou entre nós os dois que nos separou?
Porque foi que os meus ideais morreram assim dentro de mim?
Ela: Ombro a ombro, tanta vez, mas tão longe
Indiferença, entre nós, quem diria
Custa a crer que tanto amor, tão profundo amor, tenha acabado
E nós ambos sem amor, lado a lado
Ele: Fomos no passado um só destino
Somos um amor desencontrado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Nem sei qual é de nós mais desgraçado
Ela:Lado a lado no amor mas tão longe
Como é grande a distancia entre nós
O que foi que se passou entre nós os dois que nos separou?
Porque foi que os meus ideais morreram assim dentro de mim?
Ombro a ombro, tanta vez, mas tão longe
Indiferença, entre nós, quem diria
Custa a querer que tanto amor, tão profundo amor, tenha acabado
E nós ambos sem amor, lado a lado
Somos dois caminhos paralelos, vamos pela vida lado a lado...
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